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segunda-feira, 29 de novembro de 2021

VEREADOR DIZ QUE HOUVE MACUMBA NA CÂMARA E É ACUSADO DE RACISMO RELIGIOSO EM VITÓRIA

O vereador de Vitória Gilvan da Federal (Patriota), em
sessão ordinária na manhã desta segunda-feira (29), mostrou na tribuna da Câmara de Vereadores produtos de limpeza e uma bíblia, em referência a sessão solene da última sexta-feira (26) pelo Dia da Consciência Negra, organizada pela vereadora Karla Coser (PT). Ao fazer isso, o parlamentar disse que iria limpar a mesa dele, já que “houve uma afronta a Deus e, praticamente, uma macumba [durante a sessão]” (veja abaixo).
“Jogaram um monte de coisa. Vão dizer que é cultura. Não é não. Cultuaram aqui dentro. Mas vão dizer que o nosso país é laico. Pode-se fazer umbanda, macumba, o que for, mas tem lugar apropriado, e eu discordo”, disse o vereador, que caracterizou a sessão solene como “um culto estranho” que desmoralizou a Câmara de Vereadores de Vitória.
Vereadora vai apresentar queixa-crime
Intolerância religiosa na Câmara de Vereadores de Vitória! Intolerância religiosa é crime! Não aceitarei racismo religioso! Não aceitarei calada e vou procurar o Ministério Público pra denunciar! E mais uma vez a risada de outros vereadores diante desse ABSURDO— Karla Coser (@karlascoser) November 29, 2021
Nesse meio tempo, a vereadora petista, Karla Coser, em uma rede social, se manifestou, informando que vai representar queixa-crime ao Ministério Público do Estado (MPES) e também à Corregedoria da Câmara em face de Gilvan. Para a parlamentar, “não podemos aceitar que práticas criminosas e discriminatórias sejam vistas como normais em uma casa que se presta a representar o povo”.
“O vereador praticou racismo e intolerância religiosa falando que trouxe ‘bucha e detergente pra limpar a macumba feita’, além de outras atrocidades criminosas”, disse Karla.
As críticas de Gilvan foram norteadas em ataques as sessões organizadas pelo Partido dos Trabalhadores (PT) na Casa, onde, conforme as palavras do vereador, existe a ausência da “palavra de Deus”. Além disso, o patriota disse que não deveria existir o Dia da Consciência Negra, porque não existe o “da Consciência Branca ou Judia, por exemplo”.
Parlamentares reagem as falas
De imediato, Karla Coser e Camila Valadão (PSOL) rechaçaram as falas, caracterizando-as como “racismo religioso”. Juntamente com isso, a parlamentar petista afirmou que Gilvan “deveria sair preso” da tribuna da Câmara, sendo rebatida pelo mesmo: “quero ver alguém me prender aqui”.
Em meio ao tumulto causado pelas falar do parlamentar, o presidente da Casa, vereador Davi Esmael (PSD), pontuou que viu um vídeo da sessão solene pelo Dia da Consciência Negra, e disse manifestar discordância quanto a forma como “as coisas são feitas”. Contudo, destacou que a sessão foi aprovada pela Câmara, sendo um direito da parlamentar petista.
Minutos depois, também utilizando a tribuna da Casa, Karla disse que os parlamentares podem até não entender sobre as religiões de matriz africana, não tendo o que concordar ou não. “Diz respeito as todas as pessoas que estavam aqui, diz respeito ao racismo que, infelizmente, ainda existe, e que não ´é não falar sobre ele”.
Ao sair da tribuna, a petista deu lugar a Camila, que também rechaçou as falas de Gilvan. “O que foi falado aqui é mais uma expressão do racismo religioso. Lamentavelmente pregado por pessoas que, muitas vezes, estão dentro da igreja, e que deveriam dar exemplo de tolerância e amor”.

Foto em destaque: Reprodução/YouTube Câmara Municipal de Vitória/ES Hoje

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