MATÉRIA ESPECIAL SOBRE A VIDA NOTURNA DA CIDADE
Dando continuidade a série de matérias especiais sobre a vida noturna de Cachoeiro, o repórter Bruno Cícero e a equipe de reportagem da Folha do Espírito Santo conversou, na tarde desta quinta-feira (9), com duas acompanhantes de luxo que atuam na cidade. Trabalhando por conta própria, sem auxílio de agenciadores, Flávia Alessandra e Alana de Moraes, dizem faturar semanalmente valores altíssimos e que a carreira pode levar a uma completa mudança de vida.
Podóloga por formação e com cursos na área da estética facial e corporal, a cachoeirense Flávia Alessandra (nome fictício), de 42 anos, relata que entrou na profissão há cerca de oito meses, segundo ela, por conta de uma desilusão amorosa e que está gostando da área. "Eu dou e recebo muito carinho. Tenho muita sorte", disse. Ela, que é mãe de um homem e uma mulher, comentou que os filhos respeitam sua carreira, porém não aprovam.
Flávia revela ainda que os anúncios em sites de acompanhantes na internet geram muito mais retorno quando comparados com o trabalho em boates, por exemplo. "Quando lancei meu anúncio no site eu recebi, em menos de duas horas, mais de 90 ligações", disse. Cobrando entre R$ 250 e R$ 300 por hora e com uma quantidade de clientes diários que varia entre três e cinco homens, ela conta que eles costumam seguir uma espécie de padrão. "A maioria dos meus clientes são homens casados, cerca de 80%. E geralmente são homens bem sucedidos, com um maior poder aquisitivo", conclui. Com esses valores arrecadados, Flávia disse já ter comprado um apartamento no litoral e um carro. "A minha qualidade de vida mudou muito".
Mas ela também faz questão de deixar claro que os gastos também são altos. "Eu gastei mais de R$12 mil para reformar e equipar a sala em que eu atendo, além disso, uso sempre os melhores hidratantes, os melhores perfumes e as lingeries que uso não custam menos de R$200 reais", explica.
Mesmo com pouco tempo de carreira, Flavia relata que situações no mínimo curiosas já aconteceram com ela como, por exemplo, quando um cliente, segundo ela, um empresário casado e bem sucedido da cidade, a esperou vestindo uma camisola, salto alto e batom. "Fiquei chocada, mas entendi e entrei no jogo dele", narrou. Flavia relata também casos de fetiches estranhos, como um homem que pediu para que ela defecasse sobre ele. "Eu, obviamente, não aceitei", explicou. Disse também que nunca passou por nenhum episódio de violência e que também não gosta de apanhar na cama. "Eu não gosto de ser dominada", afirma."Uma vez por mês eu atendo um Senador da República, em Brasília e um desembargador, em Vitória. Todos os custos são arcados por eles. Passagens, alimentação... Tudo", revela. Quando perguntada sobre sua opinião acerca da regulamentação de sua profissão, ela diz concordar que deve haver a formalização para que as profissionais possam perder o medo e também abandonar o preconceito que elas impõe sobre sí mesma.
Já a carioca Alane de Moraes (nome fictício), de 25 anos, iniciou sua carreira como acompanhante em boates. Hoje, acumulando cinco anos de carreira, encontrou em Cachoeiro uma cidade tranquila e com uma boa busca por parte dos clientes. Ela, que já trabalhou em um consultório de dentista e possui formação na área de petróleo e gás, resolveu abrir mão de tudo para trabalhar como acompanhante de luxo. "Gosto de sexo e de dinheiro rápido. Resolvi juntar o útil ao agradável e entrei neste ramo", expõe. E a remuneração não é baixa, segundo ela, em boas semanas, chega a receber cerca de R$5 mil.
Alana, que tem um filho de 12 anos que mora no Rio de Janeiro com os outros familiares, disse que sua mãe e sua irmã sabem sobre a profissão, mas que ainda não se sente confortável em contar para o filho. "Ele é muito ciumento, talvez se fosse mais mente aberta, eu contaria. Não quero que ele descubra por outra pessoa", desabafou.
Sobre fetiches curiosos que já encontrou, ela destaca os homens que gostam de "inverter os papéis" na relação. Alguns, segundo ela, as vezes pagam para desabafar, conversar sobre problemas e principalmente pedir conselhos sobre o casamento, já que boa parte de seus clientes, assim como os de Flávia, são casados.
Quando perguntada sobre a diferença entre o trabalho em Cachoeiro e em sua cidade natal, Alana conta que aqui é mais fácil, mesmo com o preconceito sofrido com as profissionais da área. "No Rio as pessoas são mais tranquilas com estas coisas", relata. Uma curiosidade apontada por ela, é que lá, as acompanhantes, principalmente as de luxo, precisam saber pelo menos o básico de inglês.
As mulheres entrevistadas nesta matéria deixaram seus telefones para contatos. Para falar com Flávia, o número é o (28) 9 9930-3020. Já o número da Alana é o (28) 9 9943-1821.
Redação Folha do ES