Susana Neves Cabral foi nomeada há quatro meses assessora do presidente da Assembleia Legislativa do Rio
Rio - Citada na Operação Calicute como suposta beneficiária de dinheiro oriundo de esquema de corrupção em obras que teria funcionado no governo do Rio de 2007 a 2014, Susana Neves Cabral, ex-mulher do ex-governador Sérgio Cabral (PMDB), foi nomeada há quatro meses assessora do presidente da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), Jorge Picciani (PMDB).
Pela função de chefe de gabinete parlamentar, Susana recebeu, em novembro, R$ 17.630,51: R$ 3.443,46 por cargo em comissão e R$ 14.187,05 em gratificação. Líquidos, os vencimentos ficaram em R$ 13.651,48. Cabral e sua atual mulher, Adriana Ancelmo, estão presos no Complexo de Gericinó, por ordem da Justiça.
"Susana Neves Cabral foi nomeada em 1.º de agosto de 2016 na Presidência da Alerj e desde então presta assessoria política ao presidente Jorge Picciani", confirmou a Alerj à reportagem, por nota. Embora conste como chefe de gabinete na folha de pagamento da Assembleia, Susana não exerce a função.
Segundo a assessoria de imprensa do Legislativo estadual, "o cargo ocupado tem salário que corresponde ao salário de chefe de gabinete, por isso está publicado dessa forma". "Ela também trabalhou no gabinete de Francisco Dornelles (atual vice-governador do Rio) durante seus oito anos de mandato no Senado".
O órgão não informou a formação de Susana e nem por quem ela foi indicada ao cargo. A reportagem procurou a ex-mulher de Cabral nesta sexta-feira mas não conseguiu localizá-la.
Prima
Susana foi nomeada pelo próprio Picciani. Ela é prima de Dornelles e do presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves (MG). Picciani foi aliado e parceiro político do ex-governador do Rio por muitos anos. De 1995 a 2002, Cabral presidiu a Alerj, enquanto o atual presidente era primeiro secretário.
Na denúncia em que pediu a prisão de Cabral, o Ministério Público Federal (MPF) afirmou que Susana recebeu R$ 883 mil oriundos do esquema de corrupção que teria sido montado pelo ex-governador para receber propina de empreiteiras por grandes obras públicas. Susana teria recebido, ao menos em 13 ocasiões, recursos ilícitos da organização criminosa, de 2014 a 2016. A denúncia não afirma que ela tivesse conhecimento da origem ilícita do dinheiro.
A ex-mulher de Cabral teria recebido repasses em dinheiro de dois supostos operadores de propina que agiriam a mando do peemedebista, Luiz Carlos Bezerra e Carlos Miranda. As investigações identificaram que Susana e Bezerra se comunicaram por 221 ligações telefônicas nos últimos cinco anos.
Durante as aputações da Operação Calicute, a Polícia Federal identificou uma transferência no valor de ¤ 10 mil para Susana feita por Bezerra. Miranda também foi detectado em ligações telefônicas com ela. A ex-mulher de Cabral, porém, não foi denunciada, nem indiciada nas investigações.
"Resta clara a vinculação entre Carlos Bezerra e a destinatária dos valores, ao se analisar os dados do Sittel, em que constam 221 ligações entre ambos, nos últimos cinco anos, o que confirma a função do operador financeiro no pagamento das despesas da ex-esposa de Sérgio Cabral", disseram os procuradores.
Codinome
Segundo o MPF, Susana era tratada nas planilhas da distribuição da propina pelo codinome "Susi", como na do dia 23 de outubro de 2014, na qual consta: "26.018,00 visa Susi + carro 5.160,00 + seguro 1.647,00 = 32.825,00 + 10.000,00".
O DIA