Eles teriam se recusado a sair de batalhão mesmo com portões liberados. A informação foi confirmada pela Associação de Cabos e Soldados (ACS)
A Associação dos Oficiais Militares do Espírito Santo (Assomes) e a Associação de Cabos e Soldados do Estado (ACS) se manifestaram, nesta sexta-feira (20), sobre a expulsão de seis soldados da Polícia Militar. O motivo foi um ato de indisciplina ocorrido na paralisação da PM no estado, em fevereiro deste ano.
A publicação dos nomes está no Boletim do Comando-Geral desta quinta-feira (19). A informação foi divulgada pela coluna Victor Hugo, do jornal A Gazeta, e foi confirmada pelas entidades.
Os soldados Rodolfo Santos Urias Cunha Karckbart, Maicon de Araujo Fabres, Vagner de Souza Santos, Diego de Lima Rodrigues, Charles Campos Schneider e Lucas Lana Vaz foram expulsos.
Eles teriam se recusado a deixar a sede da Rotam, em Cariacica, mesmo após os portões da unidade serem liberados, em 24 de fevereiro. Na última semana, o soldado Wagner Rodrigues Batista, do 7ª Batalhão da PM, em Cariacica, também teve expulsão confirmada, segundo a associação.
O presidente da Associação dos Oficiais Militares do Espírito Santo (Assomes), Rogério Fernandes Lima, explica que é necessário que as chances de defesa sejam dadas aos policiais.
“A gente espera que não sirva de represália. Ele tem direito de se manifestar, obviamente dentro do código militar. Ele tem que seguir a hierarquia e a disciplina, mas antes de tudo ele é um cidadão”, ponderou.
O presidente da Associação de Cabos e Soldados do Estado (ACS), Renato Martins, não concorda com as expulsões. Para ele, se existiu indisciplina, as motivações foram construídas pelo próprio governo, que não oferece reajustes reais há sete anos.
“Eu não creio que foram soldados os responsáveis por essa crise. Se aconteceu [a paralisação, pode acontecer de novo. Se não houve valorização dos policiais, eu posso dizer que um movimento igual ou parecido pode acontecer novamente”, ponderou.
Sobre as expulsões, a Polícia Militar disse apenas que a instituição jamais negligenciará seus valores, que são hierarquia e a disciplina, fundamentos que, segundo a instituição, norteiam a boa conduta profissional.
Propostas
A Assomes levou novas propostas de melhorias para os policiais e bombeiros ao governo do estado, por intermédio da Assembleia Legislativas.
Entre as propostas, mais uma vez, está a exigência do curso de direito para ingresso na PM, incluindo ainda o pagamento de uma diferença no salário do PM que ficar mais de três anos no mesmo posto.
Outra proposta é a possibilidade de policiais assinarem os Termos Circunstanciados de Ocorrência, em casos de crimes de menor potencial. A medida evitaria que o policial se deslocasse à delegacia nesses casos.
Em nota, o governo do estado disse que continua aberto ao diálogo para conversar com as associações e entidades. Segundo o órgão, hoje existe o Comitê de Carreiras e Relações Sindicais que faz as negociações. O governo não comentou especificamente sobre as propostas.
Por Kaique Dias, G1 ES