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domingo, 18 de fevereiro de 2018

OS SONHOS DE DUAS LEGENDAS DE BOM JESUS




O encontro do maestro Áureo Fiori, com seu tradicional fusquinha, e Toninho do Tupy, com sua habitual bicicleta, na rua Carlos Firmo, em Bom Jesus do Norte (ES), na manhã do sábado passado, constituiu um momento precioso, perfumado com a fragrância de seus sonhos.
Àureo Fiori, com 84 anos de idade, se incumbiu de formar a inédita Lira Calheirense, dando aulas de graça para jovens do distrito de Calheiros.
Ele foi maestro da Lira Operária,em Bom Jesus do Itabapoana (RJ), por cerca de 22 anos.
Depois da Lira Operária, Áureo Fiori foi maestro da Lira 26 de Julho, de Apiacá (ES), onde atuou por cerca de 8 anos. Foi maestro também da Banda do Colégio Ari Parreira, de Laje do Muriaé (RJ). Atuou, ainda, na Lira 19 de março, de São José do Calçado (ES), até 2010. Colaborou na fundação da Banda de Música do Colégio Padre Mello e da Banda do Colégio Zélia Gisner, em Bom Jesus do Itabapoana, da Banda do Colégio Antonio Honório, em Bom Jesus do Norte (ES) e da Banda Marcial Terezinha Juliana,em São José do Calçado (ES). 
Ele conta seu sonho: "Embora eu esteja doente, pretendo promover a primeira apresentação da Lira no dia 5 de agosto, quando se finaliza o Circuito Cultural Arte Entre Povos. Estaremos, na oportunidade, completando um ano da fundação da entidade, que é ligada à Associação dos Amigos do Memorial Governadores Roberto e Badger Silveira. Considero que o Divino Pai Eterno me tem abençoado, por permitir que eu forme músicos em tão pouco espaço de tempo. Duas alunas já estão tocando o Hino da Alva Pomba, música que tocaremos em homenagem a Padre Mello. Outra música a ser tocada, será a da Marcha a Bom Jesus, em honra a Salim Tannus. Conversei com Cely Tinoco, maestro da Lira 14 de Julho, de Rosal, que está me ajudando, e disse a ele que, se eu morrer, quero que ele continue o meu trabalho", salientou.
Com apoio da Escola Municipalizada Cel. Luiz Rezende, cuja diretora é Samia de Oliveira Linhares, e do jornal O Norte Fluminense, que doou instrumentos, resolveu-se dar o nome à agremiação de LIRA CALHEIRENSE MAESTRO ÁUREO FIORI.
Toninho do Tupy, por sua vez, com 87 anos, fundou o Tupy Dancing Club, em Bom Jesus do Norte, na década de 1960. Pelo Tupy passaram várias orquestras, como a de Cícero Ferreira, Parnaro de Muriaé e Samuel Xavier e Orquestra, entre outras. "A ata de constituição do clube foi feita pelo dr. Luciano Bastos. Tivemos, também, o apoio de Zezé Borges, José Carlos Pereira Pinto, Jorge Assis de Oliveira, Sá Tinoco, dr. Manuel Pereira das Neves e José Carlos Pereira Pinto", assinala.
A respeito da tradição dos Bonecos do Tupy, ele conta: "foi um nordestino de pré-nome Rubens que veio visitar um compadre de pré-nome Bedenor. O compadre veio para a casa de Bedenor e, com a ideia de construírem bonecos gigantes para desfilarem no Carnaval, arranjaram material e fizeram juntos, em 1967, na rua Carlos Xavier, dois deles: 1) Careca Barrigudo e 2) Boneca. O fato é que os bonecos foram um sucesso na Unidos do Samba e deram o inicio à tradição nas duas Bom Jesus. Depois, os bonecos aumentaram para seis. Construí, também, o Boneco 'Mula Rosada', que foi outro êxito". 
Foi, assim, que Toninho aprendeu a fazer os bonecos, integrando a cultura nordestina à da bonjesuense, especialmente no período carnavalesco. Posteriormente, pesquisadores
da FAOP (Fundação de Artes de Ouro Preto -MG), com o apoio do SEBRAE, ministraram a Toninho e outros artesãos uma oficina para aperfeiçoarem a técnica de confeccionar Bonecos Gigantes. Hoje, Toninho é reconhecido como artesão especialista em construir Bonecos Gigantes utilizando material reciclado.
Toninho conta sobre seus sonhos: "Tenho ideia de realizar oficinas de bonecos gigantes, para perpetuar a tradição das duas Bom Jesus. Para isso, contudo, eu necessito do apoio do poder público municipal. Sonho, ainda, que o poder público municipal possa dar o apoio para que os Bonecos do Tupy possam voltar a se apresentar no carnaval do próximo ano", registrou.
Constitui um orgulho para as duas Bom Jesus ter em seu meio dois gigantes de nossa cultura, que mantêm um vivo idealismo juvenil, e que nunca perderam a capacidade de sonhar.

O NORTE FLUMINENSE

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