Continuação...
Santa Isabel dos primeiros olhares, dos flamboaiãs que perfumava a avenida na primavera uns com flores amarelas e outros com as suas flores vermelhas, cujas vargens mais tarde serviam para manter aceso o fogão de lenha que mantinha bem aquecido o café no bule que ficava o tempo todo na chapa, das brincadeiras proporcionadas pelo Lirinho no Dia das Crianças com grande prêmios.
Santa Isabel das doceiras, rezadeiras e parteiras, quantos doces gostosos eram feitos na Comunidade, quantos quebrantos eram afastados com uma simples reza. Quantas crianças nasceram nas mãos da Dona Lurdes do “Seu” Toti Almeida, do pique de mocinho e bandido, das amarelinhas, das brincadeiras que as meninas adoravam de passar anel, dos cadernos de questionários pelas garotas e garotos, a intenção era descobrir alguns segredos e preferências , quantas paqueras.
Do jogo de baleba, muita das vezes jogava com “neguinha”mesmo, umas bolinhas negras oriundas de uma árvore. As pipas, era sadia, não tinha o perigoso cerol, do pião, muitos feitos na oficina, do arco com puxavante e os carrinhos de lata de óleo e rodas de sandálias de borracha em que o Écio era mestre.
Do Gessy e Zé Ademir, essa dupla como diria o mestre Roberto Carlos:”Era uma brasa, mora”. Das brincadeiras de pneus, das boias que se deixava levar pelas águas do Itabapoana, das bicicletas ornamentadas e das lambretas arrojadas.
Santa Isabel das enchentes, quando o Itabapoana subia e jogava as suas águas na rua, a molecada ficava torcendo para brincar na água, os pontos críticos era no areal, próximo ao campo de futebol e onde a Dona Euticha morava, nas casas do”Seu” Machado e Mário Baia. Próximo a Avenida do Querosene, o valão que cortava toda a Fazenda Santa Terezinha, fazendo a divisa com a Fazenda São Jorge subia e “complicava”, o mesmo acontecia com o que cortava a Fazenda Santa isabel, passava pela casa do “Seu” Deco, contornava o campo até o Itabapoana, também complicava.
Ouvia-se dos mais velhos que a enchente de 1933 foi uma das mais perigosas e mais tarde a de 1979, na mesma proporção com a de 1997.Atualmente com o assoreamento do Rio Itabapoana, qualquer cheia deixa mais de 80% da população de Santa Isabel desabrigada, a agressão do homem à natureza.
Esse mesmo Itabapoana que nos proporcionava um belo duelo entre os pescadores, geralmente embaixo da ponte, com o piau ou o robalo que era fisgado. Um duelo em que o pescador tinha que mostrar muita habilidade, senão era vencido pelo peixe. E que fartura tinha o nosso Itabapoana.
Santa Isabel das idas as matas para apanhar lenha e aliviar o gás. As peregrinações ia até a derrubada, na salina e também na lagoinha. Eram locais onde as lenhas eram tiradas para alimentar as caldeiras da usina e o que restava servia para os fogões a lenha.
Da garotada que ia quebrar pedra, cada lata cheia rendia alguns trocados, as pessoas já construindo casas em Bom Jesus contratavam para que as pedras que eram grandes fossem quebradas a marretadas, era a brita a marreta.
Esse pedacinho de Céu às margens do Rio Itabapoana, hoje o 9º Distrito de Bom Jesus do Itabapoana (Lei no. 791, de 26 de julho de 2006) de muitas histórias e ‘estórias’, de muitos casos e ‘causos’ e caberia em quantos livros se outras pessoas se dispusessem a escrever. Sempre ficará alguma coisa para ser contada e essa é a minha modesta contribuição para homenagear a Usina Santa Isabel, Jamais Esquecida.
Extraído do Livro: Usina Santa Isabel, Jamais Esquecida -Jailton da Penha
Blog do Jailton da Penha JDP
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