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sexta-feira, 28 de fevereiro de 2020

BONÉ 'PATROCINADO', GRIFE PRÓPRIA E 'INVASÃO' DE CRUZEIRENSES: CONHEÇA O GOLEIRO CALÇADENSE WALLEF, CARISMA DO AFOGADOS

Afogados: conheça Wallef, o goleiro carisma de boné que foi algoz do Atlético-MG na Copa do Brasil
Wallef Mendes de Oliveira entrou para a galeria dos personagens mais inusitados da história da Copa do Brasil. O goleiro, que chamou atenção por utilizar boné em jogos noturnos, foi um dos heróis da classificação do Afogados da Ingazeira-PE na terceira fase da competição.
Ele pegou duas cobranças de pênaltis que ajudaram a eliminar o Atlético-MG na última quarta-feira. Dono de uma grife de roupas, chamada WM MensWear (uma alusão às iniciais de seu nome), o arqueiro de 24 anos tem 1,83m de altura.
"A gente tinha uma confiança, mas sabíamos que era muito difícil pela grandeza do Atlético-MG, um time de Série A. Sabíamos que poderíamos surpreender, mas nem nos meus melhores sonhos poderia imaginar uma noite assim", disse Wallef, em entrevista exclusiva ao ESPN.com.br.
Carreira
Nascido em São José do Calçado, cidades de 12 mil habitantes, no interior do Espírito Santo, Wallef começou no futebol na base do Red Bull Brasil, Depois, passou por Madureira, Serra Macaense, São João da Barra e Goytacaz.
"Quando fui subir para os profissionais eu fiquei quatro meses sem clube na minha casa. Eu pensei em desistir, sentia uma decepção muito grande porque joguei em todos os times que passei, mas não conseguia assinar contrato", lamentou.
"Nisso, um treinador chamado Rogério estava com um projeto em um clube amador chamado Bangu, de Afogados, e fui jogar na várzea. Tive que vir para cá me aventurar sem conhecer ninguém e conseguir um lugar ao sol. Me destaquei e consegui me profissionalizar pelo Afogados FC para jogar a segunda divisão do Pernambucano", relatou.
Depois, ele passou por Campos, Castelo e Valadares-RJ antes de voltar ao Afogados, no primeiro semestre de 2019.
"Fui eleito melhor goleiro do interior e conquistamos o terceiro lugar na elite do Estadual. No segundo semestre joguei no Retrô, da segunda divisão de Pernambuco, e conseguimos o acesso", afirmou.
Depois de eliminar o Atlético-MG, ele dedicou a classificação ao pai Alisson Ferreira, que faleceu em 2018 em decorrência de diabetes.
No futebol, ele também tem suas inspirações. "Eu gosto muito do Rodrigo Vianna [goleiro do Operário-PR] porque é um cara que também sofreu preconceito por causa da altura. Ele é muito rápido e regular. a gente conversa bastante e no ano passado eu ganhei um par de luvas dele. É uma minha inspiração para mim".
"O sonho de todo goleiro é ir para um clube grande, mas sou muito pés no chão. Eu penso em subir degrau por degrau porque o futebol é muito dinâmico. "
Por que usa boné?
O que chamou a atenção na internet, porém, foi o fato de Wallef usar boné. Ele chegou a ser comparado ao goleiro Benji Wakabayashi, do desenho animado japonês "Super Campeões". Mas por que o arqueiro cobre a cabeça mesmo durante jogos noturnos?
"Faz cinco anos que jogo e treino com boné. Eu criei uma identidade para que as pessoas me conhecessem, é a minha marca registrada. Eu vi o Máximo Banguera, goleiro do Barcelona de Guayaquil, que usava um boné da marca dele, é um cara empreendedor também", elogiou.
"Eu uso o boné de uma pousada porque é um patrocínio que recebi. A minha ideia mais para frente é usar um boné com a minha marca", afirmou.
Dono de roupas
O gosto pelo boné não é à toa. Além de ser goleiro, Wallef tem seu lado empreendedor. Há cinco meses, ele é dono de uma grife de roupas masculinas e divulga suas peças no Instagram da marca.
"Eu investia o bicho das vitórias que recebia no Retrô na marca de roupas porque os salários dos jogadores no interior não são altos. Eu pesquiso modelos na internet, desenvolvo e peço para um design montar".
"A marca é mais boleira mesmo, para quem curte andar no estilo de jogador de futebol. Eu vendo para os amigos do time que me ajudam na divulgação. Nós temos bonés, camisetas regatas, longs e camisetas normais. Eu tenho vontade de fazer bermudas e shorts, mas ainda ainda estou no começo".
Camisa de Victor e 'invasão' de rivais
Após a partida histórica na noite de quarta-feira, Wallef ganhou a camisa do goleiro Victor, ídolo do Atlético-MG.
"Ele me elogiou bastante, me deu os parabéns. Eu disse que era fã dele e tiramos uma foto juntos. Um cara humilde demais! O Ricardo Oliveira, que é uma grande referência, também conversou comigo. Me senti honrado".
"Recebi muitas mensagens e dei muitas entrevista em todos os lugares. Um torcedor do Fluminense me ligou para dar os parabéns, nem sei como ele conseguiu meu número. Torcedores do Cruzeiro invadiram as minhas redes e me parabenizaram. É algo surreal. Eu tinha 4 mil seguidores no Instagram e agora tenho 7 mil. Quase dobrou".
"Não consegui dormir até agora (risos). Sábado tem jogo contra o Sport preciso descansar."

Fonte: ESPN

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