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O Ministério da Saúde lança nesta semana uma estratégia para reduzir a prática desnecessária de procedimentos durante o parto e melhorar a qualidade de atendimento. O documento, ao qual o jornal Estado de São Paulo teve acesso, traz mais de 200 recomendações, que vão desde técnicas para aliviar a dor, como massagens e banhos quentes, até a contraindicação da manobra Kristeller, em que o útero da mulher é pressionado para tentar auxiliar a expulsão.
“Além de não ser eficaz, a manobra pode provocar sérios danos para a mulher e para o bebê, como rupturas de costelas e hemorragias”, afirma a enfermeira obstétrica do hospital de Belo Horizonte Sofia Feldman, Vera Bonazzi.
O novo protocolo, batizado de Diretriz do Parto Normal, é resultado de discussões realizadas em 2015 por integrantes de associações médicas e representantes da sociedade civil. Seus autores afirmam que no Brasil algumas técnicas, que deveriam ser usadas apenas em alguns casos, tornaram-se rotina. É o caso, por exemplo, da episiotomia, corte feito na região do períneo. Em tese, a técnica facilitaria a expulsão do bebê no momento do parto e deveria ser usada em situações específicas, mas em muitos hospitais é feita em quase todas as pacientes.
“Agora, o desafio é garantir que o texto seja colocado em prática. Há ainda muita resistência de parte dos profissionais de saúde”,afirma Fátima Sampaio, do Conselho Federal de Enfermagem.
Também estão na lista de práticas que vinham sendo usadas incorretamente, como rotina, a retirada dos pelos pubianos e a lavagem intestinal que precede o parto. “A mulher é a protagonista. Precisamos abandonar o intervencionismo e devolver à mulher a confiança perdida ao longo desses anos”, afirma o professor da Universidade Federal da Paraíba, Roberto Magliano de Morais.
Não há estatísticas sobre o número de procedimentos feitos desnecessariamente. Vera, Fátima e Morais, porém, sustentam que os exageros ocorrem com frequência. “Hoje todas as técnicas usadas ficam a critério do profissional. O grande mérito da diretriz é que ela propicia a uniformização das práticas”, diz Vera.
Outro ponto polêmico, o parto domiciliar, ficou em aberto, mas com uma brecha. Afirma que entre mulheres que já tiveram filhos, não apresentam riscos de parto com complicações e têm condições de ter acesso a um hospital rapidamente em caso de complicações, a opção “não deve ser desencorajada”. O Conselho Federal de Medicina é contrário.
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