Dos seis políticos que mais receberam recursos da Odebrecht em forma de caixa 2, cinco são do Estado do Rio de Janeiro, segundo planilha entregue por Benedicto Barbosa da Silva Júnior, ex-presidente da Odebrecht Infraestrutura, em delação premiada. Três deles despacharam do Palácio da Guanabara, sede do governo do Estado: Sérgio Cabral (PMDB), líder absoluto ranking, com R$ 62 milhões, Luiz Fernando Pezão (PMDB), em terceiro, com R$ 20,3 milhões, e Anthony Garotinho, em sexto, com R$ 13,01 milhões. Os demais são o ex-prefeito da capital fluminense, Eduardo Paes (PMDB), em quarto, com R$ 16,12 milhões, e o deputado federal Júlio Lopes (PP), em quinto, com R$ 15,63 milhões. Leia também: Fachin remete à Justiça do Rio citações a Garotinho em delações As seis primeiras posições da lista são completadas pelo Ministro das Comunicações, Gilberto Kassab (PSDB), em segundo, com R$ 21,25 milhões. A lista inclui, ainda, outros 176 políticos de diferentes partidos e matizes ideológicas. De acordo com Júnior e o diretor de Infraestrutura da empreiteira no Rio, Leandro Andrade Azevedo, Garotinho e sua esposa Rosinha teriam recebido “vantagens não contabilizadas” da Odebrecht em campanhas eleitorais, conforme petição enviada pelo ministro Edson Fachin, relator da Lava-Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), para encaminhamento de casos em instâncias inferiores. No pedido, Fachin afirma que a dupla delatou pagamentos em favor de Rosinha em 2008 e 2012, ano em que a ex-prefeita de Campos concorreu à reeleição no município, e de Garotinho, em 2014, quando ele concorreu ao governo do Estado do Rio. Em dezembro do ano passado, Azevedo já havia afirmado que Garotinho e Rosinha teriam recebido R$ 9,5 milhões em contribuições legais e ilegais da empreiteira, que foi responsável pela execução das obras do programa habitacional Morar Feliz em Campos. Em nota, a assessoria do ex-governador Garotinho falou sobre o caso. “O ex-governador Anthony Garotinho informa que ele e sua esposa, Rosinha Garotinho, jamais receberam qualquer valor não contabilizado da Odebrecht. Todos os recursos recebidos da Odebrecht e de outras empresas foram legais e obedeceram aos critérios estabelecidos em lei para doações eleitorais. Os recibos das doações e os comprovantes de gastos de campanha, abertura e fechamento da conta eleitoral no banco Itaú, na cidade do Rio de Janeiro, estão acessíveis a quem quiser vê-los”. No mesmo mês, a revista Veja trouxe detalhes da delação de executivos da Odebrecht, que relataram à Procuradoria Geral da República (PGR) o pagamento de propina aos principais políticos do país. Entre elas, Leandro Andrade Azevedo citou que Rosinha teria elaborado duas licitações de casas populares em Campos, com regras que permitiriam que somente a Odebrecht vencesse a disputa. Em contrapartida, a construtora teria desembolsado um total de R$ 9,5 milhões em contribuições oficiais e repasses de caixa dois a campanhas de Garotinho e Rosinha, entre 2008 e 2014. O delator diz que Rosinha lançou duas etapas do programa em 2009 e em 2012. “Diante deste cenário, os fatos me levam a crer que os referidos editais, relativos aos Programas Morar Feliz I e II, foram lançados levando em consideração que a única empresa grande que teria condições e interesse de fazer a obra era a Odebrecht, o que seria a contrapartida aos pagamentos realizados a pretexto de doações de campanha feitos em 2008″, assinalou ex-diretor de relações institucionais. Foi em 2008 que Rosinha se candidatou pela primeira vez à Prefeitura de Campos. Na ocasião, a Odebrecht teria repassado R$ 1,5 milhão em dinheiro vivo ao caixa dois da campanha. Ela venceu as eleições e, em 2012, se candidatou novamente, recorrendo ao mesmo expediente. O delator conta que, entre doações oficiais e de caixa dois, a Odebrecht investiu R$ 2,3 milhões para manter Rosinha no comando do Executivo de Campos. “Presenciei algumas vezes Garotinho telefonando para os secretários da Fazenda do Município durante a gestão de Rosinha […] e pedindo que tivéssemos preferência na regularização dos pagamentos em atraso, o que de fato aconteceu”, afirmou o delator. Em 2014, quando Garotinho disputou e perdeu a cadeira de governador do estado, recorreu, novamente, à empreiteira. De acordo com a revista Veja, Garotinho chegava a “espernear” quando havia atrasos no pagamento da propina. O dinheiro, segundo executivos da empresa, era entregue no escritório de Garotinho no Centro do Rio de Janeiro. Confira abaixo uma lista com os 15 maiores recebedores de caixa 2 da Odebrecht feita pelo jornal Folha de São Paulo.
Gazeta do Noroeste
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