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segunda-feira, 30 de julho de 2018

FESTA DO SENHOR BOM JESUS E DA COROA DO DIVINO: 158 ANOS DE FÉ E HISTÓRIA



José Antônio da Silva Neném, o mineiro de Rio Novo que desbravou Bom Jesus do Itabapoana em 1842, trouxe consigo o crucifixo com a imagem do Senhor Bom Jesus, confeccionado provavelmente no século XVIII, e que está fixado na Igreja Matriz, assim como uma imagem de Santa Rita de Cássia. É o que nos conta Raul Travassos, festejado cenógrafo, restaurador, músico e artista plástico de prestígio nacional.
Em 1857, doze pessoas adquiriram, do filho de Antonio José da Silva Neném, a terra que ele prometera ao Senhor Bom Jesus, fundando assim, o Patrimônio do Senhor Bom Jesus. Padre Mello propôs, na década de 1940, um monumento em homenagem a esses 12 instituidores, havendo, atualmente, um movimento para cumprir o desejo do pároco açoriano.
De outro modo, por volta de 1860, Francisco José Borges, que se fixou nas terras de Braúna, Leite e Mirindiba, juntamente com Antônio Teixeira Siqueira, que era possuidor da Fazenda da Barra, lançaram as bases da Devoção do Divino Espírito Santo pelos idos de 1860 e 1862. É o que consta na importante obra do pároco açoriano, que investigou sobre a origem da festa.
Padre Mello descreve como ocorria a Festa do Divino e da Coroa, em 1889, quando aqui chegou: ocorriam procissões com entronização nos lares, sorteavam-se sete pessoas em memória dos sete dons do Espírito Santo, e havia banquete. Além disso, eram dadas esmolas aos pobres, lembrando Santa Isabel, a Rainha Santa, que, em 1320, prometeu ao Divino Espírito Santo entregar sua própria coroa à Igreja, e peregrinar o mundo com uma cópia da coroa e uma pomba no alto da coroa, arrecadando donativos para os pobres, caso o esposo, D. Dinis fizesse as pazes com seu filho D. Afonso, herdeiro do trono. 
A Festa do Divino, que ocorria no Arquipélago dos Açores (Portugal), na época de Pentecostes, ocasião em que ocorriam as primeiras colheitas, se espalhou pelo mundo, repleta de significados, comemorando a chegada uma era de paz, com a partilha, a caridade e a união. 
Quando Padre Mello aqui chegou, observou que a Festa do Divino e da Coroa ocorria no mês de agosto, após a colheita do café. Segundo o pároco açoriano, as alterações que ele implementou na festa foram duas: as entronizações, que ele se inspirou em prática antiga na ilha de São Miguel, no Arquipélago dos Açores (Portugal), e a inserção do hino da Alva Pomba, de autoria de Padre Delgado. 
Foi o gênio de Raul Travassos quem brindou Bom Jesus com uma magnífica Capela do Divino Espírito Santo, na Igreja Matriz, em 2013. 
Ele relata ao O Norte Fluminense como idealizou a ermida. Ali, a imagem de Padre Mello "observa" seus restos mortais. A coroa do Divino, o cetro e a coroa do Imperador estão fixados sobre o túmulo do pároco açoriano, que morreu no dia 13 de agosto - data do início da Festa de Agosto - encimados por uma pomba, tendo como pano de fundo um vitral que retrata a assunção de Nossa Senhora aos céus, que ocorreu no dia 15 de agosto, data do fim dos festejos.

O Norte Fluminense

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