Produto ficou em segundo lugar entre 41 projetos de inovação apresentados na Tenda Tecnológica, realizada durante a Reditec 2018
Uma demanda da indústria fez nascer nos laboratórios do Campus Bom Jesus uma maionese com potencial para agradar a produtores e consumidores. O resultado de mais de 20 fórmulas diferentes é um produto de baixo custo e baixa caloria, se comparado ao mesmo molho de outras marcas. A pesquisa foi desenvolvida a partir de um projeto que deu origem ao Trabalho de Conclusão de Curso do agora Cientista de Alimentos Lucas Martins, sob orientação da professora Kátia Kawase, que também contaram com a participação de estudantes dos cursos técnicos e superior do Campus Bom Jesus.
Criada a partir do lactossoro (ou soro de leite), subproduto gerado na fabricação de queijo, a formulação tem custos reduzidos no uso de ovo e óleo vegetal, razão pela qual foi alcançada também a diminuição calórica. A equipe conseguiu obter a mudança, que também inclui acréscimo em aminoácidos indispensáveis, sem alterar a estabilidade e qualidade do produto, cuja aceitação sensorial foi confirmada em todas as análises.
O uso do lactossoro estende os benefícios da produção à preservação de rios e fontes de água, onde o descarte desse resíduo é feito atualmente. Seu grande potencial de poluição pode levar ao desequilíbrio do ecossistema local, além de representar o desperdício de um alimento altamente nutritivo. Vários projetos utilizando resíduos na produção de alimentos já foram desenvolvidos no Campus Bom Jesus, como o doce de leite à base de lactossoro, cuja pesquisa ainda se encontra em andamento.
O depósito da patente da maionese foi submetido ao Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) e, se aprovado, será a primeira do Campus Bom Jesus. “O processo para obtenção da patente é demorado, mas já com o pedido, verifico que houve um estímulo para que os alunos apliquem seus conhecimentos e explorem novos conhecimentos. Isso aumentou o interesse dos alunos em relação aos estudos e pesquisas”, analisa Kátia Kawase. Ela destaca também a importância da conquista para a instituição, que cumpre parte de seus objetivos estratégicos por meio da realização de pesquisas aplicadas, que estimulem o desenvolvimento de soluções técnicas e tecnológicas, estendendo seus benefícios à comunidade.
Lucas, que hoje cursa mestrado na Universidade Federal do Espírito Santo, se sente orgulhoso pela contribuição dada. “A sensação é de dever cumprido: hoje posso olhar para as maioneses disponíveis no mercado e dizer que sei como são feitas, dizer que contribuí para o desenvolvimento da pesquisa e da indústria”, afirma. Além disso, a pesquisa o possibilitou aperfeiçoar os dons da docência. “Tínhamos dois bolsistas do curso técnico em agroindústria e pude ensiná-los a fazer análises, o processo de produção da maionese, as reações que aconteciam e porque aconteciam, além de ajudar em apresentações, slides, banners. Fui um pouco orientador deles”, orgulha-se.
Orgulho também sente o diretor de Internacionalização e Inovação do Instituto Federal Fluminense, Henrique da Hora. “Não existia no INPI qualificação de inventor como estudante do ensino profissional. O Conselho Nacional das Instituições da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica (Conif) já está enviando um ofício ao INPI, solicitando que reconheça que os alunos do ensino profissional possam ser qualificados como inventores de patentes no Brasil. Isso nasceu nesse projeto, nessa demanda”, conta. Feito o reconhecimento da patente, o próximo passo é fazer a transferência de tecnologia, ou seja, disponibilizá-la para a indústria. O processo é feito por meio de edital e, se concluído, poderá ser a primeira transferência de tecnologia do IFFluminense.
Equipe - Além da coordenadora, Kátia Kawase, e do estudante Lucas Martins, o projeto contou com a participação dos bolsistas Krystal Soares, do curso superior em Ciência e Tecnologia de Alimentos, Therys Castro e Lucas Pekly, ambos do curso técnico em Alimentos.
por Comunicação Social do Campus Bom Jesus do Itabapoana
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