Foto:Arquivo
Indiciado pelo homicídio do jovem Lucas Muniz Abucezze, de 21 anos, no dia 18 de fevereiro deste ano, em São João da Barra, o pastor Israel Maciel Gonçalves Ribeiro foi absolvido pelo júri popular, em julgamento realizado nesta quarta-feira (09), no Fórum de São João da Barra. A denúncia de homicídio qualificado privilegiado foi oferecida no dia 21 de fevereiro pela delegada titular da 145ª Delegacia de Polícia de São João da Barra, Madeleine Farias, ao Ministério Público. O pastor chegou a se apresentar na delegacia, dois dias após o crime, mas foi preso quase um mês depois, em Guarus. O julgamento começou às 10h e veredito foi anunciado no início da noite. Oito pessoas participaram do juri.
Lucas Muniz Abucezze, de 21 anos, foi morto a tiros em Atafona, distrito de São João da Barra, na tarde do dia 18 de fevereiro. As primeiras informações davam conta de que o então suspeito, o pastor Israel Maciel Gonçalves Ribeiro, de 45 anos, também teria sido baleado e fugiu do local do crime. À época, a perícia apontou que foram feitos três disparos pelas costas da vítima, o que descartaria a versão de legítima defesa que foi levantada inicialmente. O assassinato aconteceu por volta das 13h, na esquina de uma igreja evangélica, onde o pastor atuava.
Em coletiva, realizada antes da prisão do pastor, Madeleine Farias explicou que a hipótese inicial de legítima defesa foi afastada pela polícia porque o pastor não chegou a ser baleado e, durante uma discussão com a vítima, teria usado a arma do pai (um revólver calibre 32) para atirar quatro vezes contra o jovem. De acordo com a polícia, Lucas foi atingido, primeiro, no tórax, tentou fugir e levou mais dois tiros nas costas. Quando caiu, o pastor se aproximou e deu o último tiro, em sua nuca. O pastor se apresentou na DP dois dias depois do crime, na noite de quarta (20). A polícia concluiu o inquérito, que foi encaminhado ao Ministério Público no dia seguinte.
A delegada explicou ainda o que atenua e agrava a ação do pastor para justificar o homicídio qualificado e privilegiado. “Segundo a dinâmica do fato, o pastor agiu impelido por injusta agressão da vítima, sob domínio de violenta emoção, por causa dos xingamentos e insultos. No entanto, a partir daí, ele parte para a execução, não deixando mais chances de defesa para a vítima. Então, responderá por homicídio qualificado, cuja pena é de 12 a 30 anos, mas com possibilidade de redução da pena de um terço a um sexto pelo juiz, analisando a questão do privilégio”, explicou.
De acordo com a delegada, em depoimento que durou cerca de três horas, o pastor Israel contou que consertava sua caminhonete, em frente à igreja, quando foi abordado e ameaçado por Lucas. “Ele contou que Lucas era usuário de drogas e sempre xingava os fiéis da igreja, insultava e ameaçava sua família de morte, em situações em que sempre havia solicitação de polícia para o local. Na noite anterior ao crime, o rapaz, sob domínio de drogas, teria chutado a lixeira, repetido os insultos, tendo sido retirado da igreja pelo próprio pai. O rapaz estaria sempre ameaçando a vida do pastor, inclusive com relato que, certa vez, havia quebrado uma garrafa e ameaçado cortar sua garganta. Por conta das ameaças, ele passou a andar com o revólver calibre 32 do pai dele, para se proteger do Lucas. Os fiéis corroboram essa história”, esclareceu Madeleine à época.
Folha da Manhã
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