Genilson Pessanha
Nesta última semana, a cidade de Campos teve grande aumento no número de casos de infectados e mortos por coronavírus. Entre segunda (11) e sexta-feira (15), 1.012 pessoas testaram positivo para a doença e 32 morreram. As mortes ocorreram entre 7 de julho de 2020 e 9 de janeiro de 2021 e foram contabilizadas com atraso devido à demora na análise dos dados, mas totalizam 587 desde o início da pandemia. A cidade soma 16.434 contaminados e 13.463 recuperados. Para a chefe da Vigilância Sanitária, Vera Cardoso de Melo, o cenário está se tornando cada vez mais preocupante, principalmente com o descaso da população em relação às regras e decretos, e ainda não dá para definir quando começará a vacinação. A projeção é de que os registros de Covid-19 sigam em alta por conta das aglomerações do final do ano. Nessa sexta, o prefeito Wladimir Garotinho (PSD) anunciou a chegada de 160 mil seringas e agulhas e a abertura de mais 10 leitos de UTI.
Em entrevista ao programa Folha no Ar, da rádio Folha FM 98,3, a chefe da Vigilância Sanitária, Vera Cardoso de Melo, comentou sobre ações recentes do governo para combater a pandemia e declarou que, por ora, não é possível determinar o prazo para o início da imunização na cidade porque ainda não houve autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
— Quando você tem vacina, ela é a medida preventiva mais importante. Temos que lembrar que são duas doses, em um intervalo grande, e a imunidade da vacina não é imediata. Você tem que ter um tempo, geralmente, de 15 dias para produzir os anticorpos. E só começa a contar depois da segunda dose. Dependendo da vacina que vier, você tem espaço de 21 dias entre uma dose e outra ou até de três meses. Vai depender muito. Mas a gente tem que lembrar também que o fato de ter vacina não quer dizer para não usar máscara e não lavar as mãos. O uso da máscara, a higienização das mãos, o distanciamento social vão continuar por um longo período pós-vacina. — afirmou.
Vera lembrou que, de acordo com o decreto 068/2020, em vigência, a população pode acionar a Polícia Militar em caso de flagrantes de pessoas sem máscara. “Se você está de máscara e faceshield, você está se protegendo e, principalmente, protegendo o outro. Vamos ter empatia. Está faltando empatia demais. Uma palavrinha tão simples. Está sobrando ignorância e faltando empatia; ignorância no sentido de não ter conhecimento”, pontuou.
Ela lamentou o comportamento das pessoas no Réveillon, quando começaram a ser registradas aglomerações em Farol de São Thomé e em outras localidades de Campos. O fato levou a Prefeitura a divulgar um decreto exigindo apresentação de comprovante de residência para entrar na praia e teste negativo para a Covid-19.
— Nós percebemos, principalmente na virada, um tumulto, uma aglomeração. Parecia que não tinha mais Covid. Quando você olhava a orla do Farol – e não só do Farol, mas de Lagoa de Cima e outros lugares –, a impressão era de que não tinha mais Covid. Isso não é verdade. O morador do Farol e o turista que aluga casa, que é responsável, estavam reclamando toda hora, e com toda razão, porque o Farol estava uma bagunça. Não teve ordem nesse final de ano. Milhares de vídeos circularam nas redes sociais. Aquilo foi uma irresponsabilidade incrível que nós vamos sentir agora e na semana que vem, em função do aumento do número de casos de Covid. Vai começar a pipocar agora — avaliou Vera.
A profissional explicou que, em função das denúncias, foi solicitada a criação da barreira sanitária, que visa também à orientação da população. “A gente não quer proibição. Queremos que tudo funcione. Exatamente para não ter a proibição, para não ter restrição de fechar loja, comércio, a gente tem que trabalhar com proteção. Então, tem os protocolos a serem seguidos. Dessa maneira, vamos diminuir a aglomeração. Diminuindo, vamos atingir o objetivo maior, que é diminuir a circulação do vírus. Se diminuir a circulação, você diminui os casos e os óbitos”, analisou.
De acordo com Vera, a Covid-19 tem uma maneira diferente de contágio. A transmissão é por aerossóis, que são, segundo definição da secretaria de Estado de Minas Gerais, partículas menores do que gotículas. Elas permanecem suspensas no ar por horas e podem se movimentar a partir de correntes de ar.
— Isso é um fator que faz a diferença, na maioria das vezes, entre contaminar e não contaminar. É mais difícil de você prevenir e combater. Tem que ter uma conscientização muito forte, e eu vou ser incansável; eu, minha equipe, a equipe de Dr. Charbell, que é meu chefe indireto, a equipe do prefeito Wladimir e do vice-prefeito Frederico Paes. A gente tem todo o apoio para levantar. O nosso ritmo está aceleradíssimo. Ou a gente levanta agora e previne uma coisa pior do que já está ou realmente vai ficar complicado — alertou.
Folha da Manhã
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