O município de Campos ultrapassou a marca dos 4 mil vacinados contra a Covid-19. O número foi alcançado na última quinta-feira (28). O subsecretário adjunto de Atenção Básica e Vigilância Sanitária, Charbell Kury, confirmou que a lista dos imunizados será divulgada nos próximos dias. A expectativa é de que a ampliação do público-alvo da vacinação seja em meados de fevereiro. A cidade registra 18.306 casos positivos, 16.084 recuperados e 666 mortes por Covid-19. Dos 181 leitos aptos para tratamento nas redes pública e contratualizada, 78,4% dos de UTI e 65,5% dos clínicos estão ocupados. Segundo a secretaria de Saúde, não há pacientes aguardando vaga. Em entrevista ao Folha no Ar, a promotora Maristela Naurath e o defensor público Lúcio Campinho afirmaram que o Ministério Público e a Defensoria estão acompanhando os desdobramentos da campanha de imunização.
Até quinta, receberam a primeira dose da vacina 4.102 profissionais de Saúde, 136 idosos institucionalizados e 13 deficientes institucionalizados. Segundo Charbell, a equipe responsável pela elaboração da lista dos vacinados está finalizando o trabalho para que o documento seja divulgado. “A gente tem a obrigação de enviar, todos os dias, dados da vacinação para o Ministério da Saúde. Quando você faz uma vacina, ela entra no sistema e, depois, você consegue acessar seu cartão de vacinação virtual pelo Conecte SUS. Agora, estamos criando um sistema interno de informação (sobre os vacinados) para cair direito no sistema do site da Prefeitura”, explicou o subsecretário. Ele orientou a população a fazer o cadastro no Conecte SUS para manter atualizados os dados de vacinação.
O médico epidemiologista informou que o próximo grupo a ser vacinado será o de profissionais da Saúde acima de 60 anos e, posteriormente, idosos acima de 75, quando será adotado um esquema de drive-thru. A data será anunciada na próxima semana e a previsão é de que a ampliação seja iniciada na segunda quinzena de fevereiro.
“Para os demais idosos, falta o Ministério da Saúde mandar a vacina. São cerca de 8 mil idosos acima de 75 anos em Campos. É muita gente. Na semana que vem, vamos começar a usar a AstraZeneca. As doses da CoronaVac estão acabando. Ainda tem muitas unidades hospitalares para atender”, pontuou Charbell.
De acordo com o subsecretário, foram formadas oito equipes para atuar na vacinação contra a Covid em Campos. Por dia, são aplicadas cerca de 500 doses. Ele se recordou das dificuldades no começo da imunização. “Foi complexo porque tivemos, entre terça e quarta 12 horas para definir estratégia. Não tinha no radar a AstraZeneca, que chegou de uma hora para outra. Tínhamos que nos virar com 5,4 mil doses para todo mundo. No inicio, muita gente teve dificuldade para vacinar, mas era esperado porque tivemos que contingenciar bastante. Agora, estamos vacinando todos os demais setores que têm contato com pacientes com Covid”, relatou.
Sobre a circulação da nova variante do coronavírus no município, Charbell informou que, semanalmente, são enviadas amostrar coletadas de pacientes internados nos hospitais de Campos para análise no Laboratório Central Noel Nutels (Lacen/RJ) e na Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). “Com certeza, esses lugares fazem sequenciamento, análise da nova variante. Quando ela aparecer, a gente vai informar”, assegurou.
Início da vacinação registra saldo positivo
Assessora chefe da Vigilância Epidemiológica, a enfermeira Roberta Lastorina Rios afirmou que o cenário da vacinação em Campos tem saldo positivo. A campanha de imunização começou no último dia 20. “Infelizmente, na verdade, a gente gostaria de ter muito mais doses, mas depende do Ministério da Saúde. O próprio ministério e a secretaria estadual de Saúde afunilaram o critério da primeira etapa. Então, tivemos que fazer hospitais, emergências, pronto atendimento médico. Na semana que vem, vamos retornar aos hospitais para fazer mais uma rodada e pegar profissionais que não estavam nos plantões nos dias em que a gente esteve presente. Aí, a gente inicia uma ampliação na semana que vem para os próprios profissionais de Saúde”, detalhou.
A chegada da vacina aos demais grupos de risco ainda não tem previsão por depender do Ministério da Saúde. “Depende do que vai vir, do quanto terá. À medida que a gente consegue cobrir os profissionais de Saúde, permite que os municípios ampliem um pouco mais o seu grupo. E nem todo município recebe grande quantidade de doses, e isso é um fator limitador das estratégias, que fazem com que a gente tenha que ter mais atenção com a estratégia que vai desempenhar. E acaba exigindo da população”, afirmou Roberta.
A enfermeira pediu que a população mantenha os cuidados individuais e coletivos de proteção contra o coronavírus. “A vacina está chegando, mas não com a velocidade que o mundo espera, e pedimos que as pessoas continuem se precavendo para que, assim, a gente consiga ultrapassar um cenário que é difícil para todos. A gente entende que as pessoas estão cansadas do isolamento social e de não confraternizar como antes, mas grande parte da nossa confraternização deve ser a gente poupar nossa vida e a de quem amamos. É difícil, a gente sabe que é, mas a vacina não está chegando na mesma velocidade”, pontuou.
MP e Defensoria atentos aos que furam fila
Nas quarta (27) e quinta-feira, o programa Folha no Ar, da rádio Folha FM 98,3, recebeu a promotora de Justiça Maristela Naurath, da 3ª Promotoria de Tutela Coletiva de Campos, e o defensor público Lúcio Campinho. Ambos reforçaram que os critérios de vacinação devem ser respeitados e que furar a fila na imunização pode acarretar em faltas administrativas e criminais.
Maristela afirmou que procedimentos poderão ser tomados em caso de vacinação de pessoas que não estejam no grupo prioritário da fase atual. “Existe um Plano Nacional de Vacinação que aponta quais são os grupos prioritários. Não obstante, o município pode verificar alguma condição particular, algum grupo particular que possa ser importante, possa causar algum tipo de consequência mais grave na contaminação da Covid. E esses critérios têm que ser respeitados. Se não forem, é uma irregularidade, alguma ilicitude, e que pode ser apurada tanto administrativamente como criminalmente”, destacou a promotora.
Na opinião de Maristela, a divulgação da lista de vacinados contra a Covid-19 em Diário Oficial, como informou que fará a Prefeitura, é um passo importante para o controle e a fiscalização das pessoas vacinadas.
O defensor Lúcio Campinho contou que enviou ofícios às secretarias municipais de Saúde do Norte e Noroeste para saber como será realizado o processo de vacinação nas cidades. O prazo para a resposta é de 10 dias. Ele ressaltou que duas questões devem ser observadas: o critério de distribuição das doses e o “fura-fila”.
“Esse fura-fila, que já sai totalmente da primeira fase, isso vai acarretar uma falta administrativa ou criminal, ou administrativa e criminal. Como é ato administrativo, é ato de improbidade, e, no aspecto criminal, quem demanda no processo criminal é o Ministério Público, a Defensoria entende que essa repressão cabe ao Ministério Público. O papel da Defensoria vai ser assistencial, na busca de pessoas que tenham prioridade sobre outras e ainda não foram vacinadas. É a busca da identificação”, disse Lúcio.
Folha da Manhã
Nenhum comentário:
Postar um comentário