O deputado Márcio Pacheco (PSC) foi escolhido, por ampla maioria, como novo conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE), em votação que aconteceu na tarde desta quarta-feira (22, na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj). A eleição marcou uma divisão entre apoiadores do governador Cláudio Castro (PL), e que parece ter conseguido contornar o princípio de crise, pelo menos dentro da Alerj.
Pacheco obteve 47 votos, contra dez do servidor de carreira do TCE, Hans Springer da Silva, e nove votos para Rosenverg Reis (MDB).
Entre os deputados do Norte e Noroeste Fluminense, Rodrigo Bacellar (PL), Chico Machado (SD) e Jair Bittencourt (PP) votaram em Pacheco, enquanto Bruno Dauaire (União) optou por Rosenverg. Na justificativa, Bruno – que faz parte da base de Castro – foi de ter apalavrado com Reis desde o ano passado.
A disputa pela vaga no TCE chegou a abrir uma crise que envolve o governador Cláudio Castro, sua base aliada na Assembleia, a escolha do vice em sua chapa e também nas articulações do deputado campista Rodrigo Bacellar.
Pelo menos três nomes da base de Castro despontaram entre os postulantes com mais chances: Val Ceasa (Patriota), Márcio Pacheco e Rosenverg Reis. Até a última semana, o governador não tinha se envolvido por nenhum dos aspirantes, mas resolveu dar a bênção para Pacheco, de quem foi chefe de gabinete antes de comandar o Palácio Guanabara.
Ceasa era cotado como favorito, mas foi convencido a abrir mão da candidatura para apoiar Pacheco e quem não gostou nada foi o ex-prefeito de Duque de Caxias, Washington Reis (MDB), irmão de Rosenverg e ainda cotado para ser vice na chapa de Castro. Apesar das intervenções do governador, que tem ligado pessoalmente para os deputados, Washington manteve a cautela sobre sua posição.
— Aprendi a não pensar com o fígado, de cabeça quente, não quero condicionar uma coisa à outra. Mas, já fomos procurados por pessoas do governo que querem que retiremos a candidatura e ouviram que não vamos retirar, não. Eu não sou vendilhão, vai ter disputa — disse ao jornal O Globo sobre eventual rompimento com o governador.
Mesmo com apoio da bancada do PSD, do prefeito carioca Eduardo Paes, Rosenverg vê suas chances diminuírem. Pelo lugar no TCE, está em jogo um cargo vitalício com salário de R$ 47 mil. No entanto, o histórico da Corte não é bom. Desde março de 2017, cinco integrantes foram afastados dentro da operação Quinto do Ouro, quando foi descoberto um esquema de corrupção. Um deles, Aloysio Neves, se aposentou mesmo fora das funções e é esse posto que está em aberto.
Bacellar x Reis
Dentro do ninho de Castro também há disputas internas. E a colunista Berenice Seara, do Extra, publicou na última semana que Rodrigo Bacellar tem trabalhado para colocar para escanteio as pretensões de Washington Reis ser vice de Castro. Por de trás dos bastidores, estaria o receio de que o ex-prefeito de Caxias se torne uma ameaça ao governador e também que o União Brasil – que apoia Reis – exerça uma influência ainda maior no governo. O partido também abriga o ex-governador Anthony Garotinho e a deputada federal Clarissa Garotinho, rivais políticos de Bacellar em Campos.
O que estaria em jogo também seria uma eventual disputa pela presidência da Alerj em 2023, já que Bacellar é visto como pretenso candidato ao comando da Assembleia e Washigton pode ser uma pedra no sapato.
Folha 1
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