O valor de uma festa de formatura em medicina pode chegar a R$ 18 mil por formando, de acordo com relatos de produtoras e alunos ouvidos pelo g1. Em uma turma de 190 alunos, por exemplo, o valor total arrecado para o evento pode chegar a até R$ 3,5 milhões. No caso do desvio de quase R$ 1 milhão da poupança de uma turma da USP, o valor acordado era de R$ 15 mil por estudante.
Mas, de acordo com produtoras de festas ouvidas pelo g1, o curso de medicina costuma ter as comemorações mais caras. Em outros cursos, há casos de formandos que pagam R$ 2 mil cada, sendo que a média gira em torno de R$ 5,5 mil por pessoa.
E por que as festas de medicina são mais caras? Ana Clara Ianni, médica recém formada, Lucas Alves, diretor da Viva Eventos, e Feliphe Martins, sócio-diretor da Fox Formaturas, explicaram à reportagem do g1. Confira a seguir.
Formatura dos sonhos
Ana Clara Ianni, de 27 anos, se formou em dezembro de 2022 e diz que “tudo foi perfeito” na festa de formatura. Ela desembolsou R$ 17 mil para participar de vários eventos relacionados à comemoração: festa em hotel de luxo do Rio, colação de grau, viagem para Angra dos Reis, Ato Ecumênico e baile de gala com 15 convidados.
“Cada formando teve direito a colação de grau, missa e o baile de gala. Também tinha algumas festas incluídas, que foram ao longo da faculdade: uma festa em um hotel, uma na praia, e uma viagem para Angra no início de 2022 [foram 3 dias, com festa, passeio de barco e churrasco]”, contou.
O baile de gala, comemoração mais esperada por ela, teve mais de 10 atrações, culinária internacional com opções veganas e “after party” com bloco de carnaval.
Entre os mimos, festa garantida até as 10h da manhã, brindes personalizados com o nome do formando, bebidas importadas à vontade – incluindo quatro tipos de uísque – e cantores famosos só para os formandos e seus convidados.
No cardápio de comidas, liberadas a noite inteira, itens como burrata, patê de foie gras, ceviche, filé mignon e camarão.
Ana Clara levou 14 convidados, mas explicou que havia outros pacotes mais baratos, com direito a menos convites. Entre as atrações, Papatinho, Di Propósito, Mc Rebecca e Liu.
“O pacote de 15 convites era R$ 15 mil, mais quatro rifas de R$ 500, que eu vendi ao longo da faculdade. Ou seja, o formando tinha que pagar R$ 17 mil por esse pacote maior. Nessas rifas, as pessoas podiam ser sorteadas com vários prêmios, inclusive em dinheiro”, completou.
Exigências dos formandos
A empresa de Lucas Alves organiza entre 75 e 80 bailes por ano. Ele diz que o ponto principal para o valor da formatura de medicina ser mais alto está relacionado com as "expectativas dos estudantes".
"São bem maiores, muito por conta do investimento que fazem [na formação], de tempo e de dinheiro", comenta.
A organização de eventos envolvendo a formatura de medicina pode envolver até R$ 3,5 milhões, conta Alves. "Hoje, no Rio, R$ 15 mil é a formatura mais barata de medicina. Em média, aqui é de R$ 18 mil."
Ele explica que, em sua grande maioria, as comissões das turmas de medicina costumam pedir itens e serviços mais custosos, que vão desde a escolha da locação à quantidade de eventos para além do baile.
"Eles gastam muito com pré-eventos, que são encontros somente para formandos, por exemplo. Isso tudo está incluso no pacote. A gente costuma fechar três pré-eventos e, em seguida, a parte dos eventos sociais: missa, colação e baile de gala."
Feliphe Martins, cuja empresa organizou 60 bailes em 2022, diz que o grau de exigência é bem mais alto em relação à decoração, ao que é servido no buffet, ao open bar e aos serviços de iluminação, som, palco, segurança, limpeza e locação do espaço.
"Tem algumas formaturas [de outros cursos], que saem por R$ 2 mil por aluno, vai depender do que a comissão quer para festa. As de medicina costumam girar em torno de R$ 15 mil cada."
As formaturas de turmas de odontologia e de direito podem se aproximar dos valores de medicina também. Feliphe ressalta ainda que as turmas de medicina tendem a arrecadar os pagamentos com bastante antecedência, alguns já começam a pagar quatro anos antes, ainda no início da faculdade, como forma de diluir a quantia.
Por Fernanda Berlinck e Matheus Rodrigues, g1
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