Vendedores de veículos seminovos viram o número de clientes nas lojas diminuir por conta da nova política de preços
Com a definição do pacote do governo federal para baratear os carros 0km, o mercado de usados começa a estudar formas de se adaptar aos novos valores e atrair consumidores. Num cenário que já vinha de baixa procura, vendedores de veículos seminovos viram o número de clientes nas lojas reduzir ainda mais, mas tentam prever reduções nos valores dos veículos para aquecer vendas.
Presidente da Associação dos Comerciantes da Estrada Intendente Magalhães (Aceima), principal polo de venda de usados da cidade do Rio, Leonardo Meirinho explica que o preço de usados já teve uma tendência de queda nos últimos 12 meses. Os descontos, ele conta, vieram principalmente no cenário de retração de crédito no período, pela negativa dos financiamentos e a alta da taxa de juros.
— Esse cenário reduziu muito o movimento nas lojas. Com o anúncio do governo, o fluxo caiu ainda mais. Com as regras do programa definidas, estamos na expectativa de que esse fluxo seja retomado. Tudo vai depender do valor que vamos conseguir comprar (os veículos), mas os preços já estão baixos — afirma Meirinho: — Para poder ter liquidez, as lojas precisam de capital de giro. Estamos falando de pequenas empresas.
Em âmbito nacional, a Federação Nacional das Associações dos Revendedores de Veículos Automotores (Fenauto) informou em nota que ainda não houve tempo para sentir mudanças no segmento, mas que, como as medidas anunciadas pelo governo tem prazo de validade, "o mercado de usados deve se ajustar rapidamente."
O desenho do programa prevê desconto de R$ 2 mil até R$ 8 mil no preço final de carros populares novos. O desconto mínimo é de 1,6% para veículos até R$ 120 mil; desconto máximo é de 11,6%. Para bancar a medida, o governo vai antecipar a volta do imposto federal sobre o óleo diesel. Dos R$ 0,33 de imposto por litro do diesel, R$ 0,11 por litro voltarão dentro de 90 dias. O restante voltará em janeiro.
Na loja do empresário Gustavo Valente, o movimento caiu 70% nas últimas duas semanas, quando o vice-presidente da República, Geraldo Alckmin, anunciou na semana passada as medidas para reduzir o preço dos veículos, mas ainda sem detalhes.
— A gente consegue margem para reduzir os valores porque agora sabemos qual o nível de redução com o detalhamento do programa e os modelos. Agora dá para começar a estudar qual pode ser a queda no preço dos nossos e atrair os clientes — afirma.
Valente também que a política de redução nos preços dos carros zero devem impulsionar clientes a negociar descontos nos seminovos. A "pechincha", por enquanto, ainda não começou:
— Espero uma negociação nesse sentido a partir do fim de semana.
Extra
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