Casal Garotinho teria recebido R$ 9,5 milhões em contribuições
O ex-governador Anthony Garotinho e a ex-prefeita Rosinha Garotinho estão entre os citados nas 77 delações da construtora Odebrecht, que foram homologadas pela presidente do Supremo Tribunal Federal do (STF), ministra Cármen Lúcia, na última segunda-feira (30). Segundo informou em dezembro do ano passado Leandro Andrade Azevedo, ex-diretor de Infraestrutura da empreiteira no Rio de Janeiro, Garotinho e Rosinha teriam recebido R$ 9,5 milhões em contribuições legais e ilegais da empresa, que foi responsável pela execução das obras do programa habitacional “Morar Feliz” na cidade.
A partir das homologações, as informações colhidas junto aos delatores passam a ter validade jurídica e podem ser utilizadas pela força-tarefa da Operação Lava Jato no Ministério Público Federal nas investigações em curso e em novos possíveis inquéritos.
De acordo com as delações, Rosinha teria elaborado duas licitações de casas populares em Campos, com regras que permitiriam que somente a Odebrecht vencesse a disputa. Em contrapartida, a construtora teria desembolsado um total de R$ 9,5 milhões em contribuições oficiais e repasses de caixa dois a campanhas de Garotinho e Rosinha, entre 2008 e 2014. O delator diz que Rosinha lançou duas etapas do programa em 2009 e em 2012.
“Diante deste cenário, os fatos me levam a crer que os referidos editais, relativos aos Programas Morar Feliz I e II, foram lançados levando em consideração que a única empresa grande que teria condições e interesse de fazer a obra era a Odebrecht, o que seria a contrapartida aos pagamentos realizados a pretexto de doações de campanha feitos em 2008″, assinalou ex-diretor de relações institucionais.
Foi em 2008 que Rosinha se candidatou pela primeira vez à Prefeitura de Campos. Na ocasião, a Odebrecht teria repassado R$ 1,5 milhão em dinheiro vivo ao caixa dois da campanha. Ela venceu as eleições e, em 2012, se candidatou novamente, recorrendo ao mesmo expediente. O delator conta que, entre doações oficiais e de caixa dois, a Odebrecht investiu R$ 2,3 milhões para manter Rosinha no comando do Executivo de Campos.
“Presenciei algumas vezes Garotinho telefonando para os secretários da Fazenda do Município durante a gestão de Rosinha […] e pedindo que tivéssemos preferência na regularização dos pagamentos em atraso, o que de fato aconteceu”, afirmou o delator.
Em 2014, quando Garotinho disputou e perdeu a cadeira de governador do estado, recorreu, novamente, à empreiteira. De acordo com a revista Veja, Garotinho chegava a “espernear” quando havia atrasos no pagamento da propina. O dinheiro, segundo executivos da empresa, era entregue no escritório de Garotinho no Centro do Rio de Janeiro.
Terceira Via