O mapa dos furtos e roubos registrados no Estado revela um aumento deste tipo de violência em quase todos os municípios capixabas. Só este ano, até o último mês de setembro, já foram registradas 61.957 dos chamados crimes patrimoniais, o que equivale dizer que a cada seis minutos ocorre um roubo ou furto de celular, de carteira, a um ônibus, uma casa ou comércio, em um ponto do Estado.
O documento, obtido com exclusividade por A GAZETA por intermédio da Lei de Acesso à Informação, revela ainda um crescimento deste tipo de crime nos últimos três anos. Em 2015, por exemplo, o total das ocorrências envolvendo furtos e roubos chegou a 67.129. Em 2016 elas pularam para 74.890. E nos nove primeiros meses deste ano o total chegou a 61.957.
As cidades de Vila Velha, com 10.435 ocorrências no total, e Serra, com, 9.572, lideram as estatísticas em primeiro e segundo lugares. São seguidas de perto por Cariacica, com um volume de 7.501 casos, e Vitória, 6.996.
Os municípios do interior vêm em seguida, com Cachoeiro (3.871), Guarapari (3.402), São Mateus (2.145), Linhares (1.385) e Nova Venécia, com 1.061 casos de furtos e roubos. Apresentam o menor número de casos as cidades de Dores do rio Preto (40), Divino São Lourenço (39) e Laranja da Terra (39).
BEM MAIS
Mas apesar dos números parecerem altos – com o registro de um crime patrimonial a cada seis minutos – o volume total de casos ainda está bem distante da realidade. De acordo com o delegado Romualdo Gianordoli, chefe da Divisão de Crimes Patrimoniais, o número de ocorrências de furtos e roubos é muito superior aos dados estatísticos. E por um motivo simples: muitas pessoas não fazem o registro policial do crime. “Poucos registram roubo de celular ou nos coletivos, por exemplo”, observa.
Explica ainda que, ao contrário de alguns tipos de crimes, onde há uma certa especialização da bandidagem, esse é mais pulverizado, o que acaba dificultando o trabalho policial. “Prendemos muitos, mas não se vê o reflexo destas prisões na redução das estatísticas”, pondera, lembrando que estes criminosos ficam muito pouco tempo presos. “Muitos não passam da audiência de custódia. E logo voltam para as ruas para delinquir”, destaca.
Começa a chamar a atenção, pontua o delegado, uma expansão das áreas onde são registrados os furtos e roubos, que eram mais comuns em áreas nobres ou onde há grande circulação de pessoas. Agora começam também a ser registrados casos em bairros periféricos. “Antes, em Cariacica, as ocorrências eram em Campo Grande, agora temos casos até em Nova Rosa Penha”, relata.
PIORA A VIDA
O pior na situação de roubos e furtos, pondera o delegado, é que ela baixa a qualidade de vida da população. “Causa um mal-estar, tira a sensação de segurança. As pessoas saem com medo, se resguardando de várias maneiras. Piora muito a qualidade de vida”, assinala.
Algo que a professora e administradora Sílvia (nome fictício) conhece bem. Em fevereiro, durante a greve dos policiais militares, ela foi baleada na cabeça durante um assalto. Com dificuldade conseguiu se restabelecer, perdeu parte da visão, além do trauma que restou. “Foi um milagre não ter morrido. Mas a revolta que fica é grande porque nada acontece com os bandidos. E se decidirmos agir por conta própria, as pessoas ainda apoiam o ladrão”, desabafa.
Há duas semanas ela foi obrigada a vivenciar, de novo, cenas de terror. Foi novamente roubada. “Não conseguia nem me mexer. Fiquei sem ação achando que seria baleada novamente. Joguei meu telefone no chão e levantei as mãos”, conta.
Para Sílvia, o mais triste é saber que os furtos e roubos estão virando uma rotina. “Parece até algo banal. Você conta para alguém que foi assaltado e ela questiona: de novo? Não há o que fazer”, desabafa.
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