A redação do jornal A Notícia conversou com o responsável pela Polícia Civil em Iúna, Delegado Thiago Felipe Bernardes Dorneles, para esclarecer sobre a troca de tiros que ocorreu ontem em um bar no centro da cidade de Iúna, resultando na morte de um policial e de um produtor de café que cumpria o regime aberto em prisão domiciliar.
Confira abaixo a entrevista:
Del. Thiago Dorneles - O policial Jane Azevedo chegou ao estabelecimento, para consumir seu alimento e sua bebida. O indivíduo (Eduardo Gomes de Matos) já estava no mesmo estabelecimento, alcoolizado, e começou a conversar com o churrasqueiro acerca de informações sobre o Jane, perguntando quem seria essa pessoa, o que ele faria, se trabalharia em Iúna ou não. Mas o churrasqueiro manteve a discrição e não quis passar informações, disse só que era um cliente e não ofereceu maiores detalhes.
Aí, o policial Jane já havia percebido que estava sendo observado. Eduardo chegou a conversar com ele brevemente, perguntando o que ele faria (ocupação), e ele respondeu somente que era funcionário público.
Eduardo passou a observá-lo e Jane, pressentindo algo, decidiu ir embora. Quando estava saindo do estabelecimento e ia entrar no carro, Eduardo o empurrou e impediu sua entrada no veículo. Nesse momento, Eduardo já sacou um revólver e Jane sacou sua pistola de imediato para repelir a injusta agressão.
Eduardo então atirou nas costas do policial, que repeliu a agressão com outros disparos. Eduardo efetuou cinco disparos, dos quais um atingiu e atravessou o corpo da vítima. Jane efetuou cerca de nove disparos contra o suspeito, dos quais sete o atingiram.
O policial morreu na hora e Eduardo permaneceu vivo até o resgate. Ele foi levado à Santa Casa de Iúna e posteriormente para a Santa Casa de Cachoeiro de Itapemirim, vindo a falecer no percurso.
A Notícia – As ações de Eduardo se deram por uma intenção momentânea ou havia algum conflito anterior entre os indivíduos?
Del. Thiago Dorneles – Pelo relato das testemunhas que estavam ali presentes, não há indícios de contato anterior entre o suspeito e o policial Jane. Pelo contrário, o suspeito estava alcoolizado e cismou com o policial por algum motivo. Daí passou a observá-lo, encará-lo e arrumar confusão, sem motivo aparente.
Não foi possível então verificar conflito entre os dois, o crime foi praticado por motivo fútil. Começou com uma provocação do indivíduo, o policial não quis confusão e estava indo embora, e mesmo assim Eduardo investiu contra ele.
A Notícia – Eduardo cumpria o regime aberto (prisão domiciliar). Ele poderia estar naquele local, naquele horário?
Del. Thiago Dorneles – Eduardo tinha mais de uma condenação, por porte e posse de arma de fogo de uso restrito e por extorsão. Ele estava cumprindo pena: começou no regime fechado, depois semiaberto, e já estava em regime aberto (prisão domiciliar), com monitoramento eletrônico por meio da tornozeleira.
Ele não poderia estar naquele lugar naquele horário, estava descumprindo as normas do regime aberto e em posse ilegal de arma de fogo. Mas ele já tinha um histórico criminal no município.
A Notícia – Você acha que o fato de Jane ser policial levou Eduardo a cismar com ele?
Del. Thiago Dorneles – Creio que quando ele viu o Jane, não imaginou que ele fosse policial. Se tivesse imaginado, talvez não teria investido contra ele dessa forma. Ele viu o Jane e, alcoolizado, passou a implicar com ele no intuito de intimidá-lo. Se ele fosse um cidadão qualquer, talvez ficaria intimidado e Eduardo sairia com o ego inflado. Mas como Jane era policial, ele revidou a agressão de imediato.
A Notícia – Neste caso, haverá inquérito policial sobre o ocorrido?
Del. Thiago Dorneles – O inquérito será instaurado sobre o homicídio. Porém, com a morte do suspeito, vamos relatar no sentido da extinção da punibilidade.
A Notícia
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