Se a aula é sobre as Cruzadas — guerras de inspiração cristã da antiguidade —, um cavaleiro medieval adentra a sala. Se o tema é o islamismo, surge um muçulmano. Para o professor Márcio Felipe Almeida, de 29 anos, a História como disciplina, ao contrário do que muitos pensam, não está parada no tempo. Por isso, ele criou o projeto História em Movimento, uma forma dinâmica de lecionar e atrair a atenção dos alunos.
— Pensei em como dar movimento à História. Para que deixasse de ser quadro, caneta, caderno e que os alunos pudessem sair da sala empolgados — explica Márcio, que dá aulas para os ensinos fundamental e médio do Colégio Abeu, e na graduação da Uniabeu. As unidades de ensino funcionam em Belford Roxo, Nilópolis e Nova Iguaçu.
A ideia surgiu a partir do questionamento de seus alunos da graduação sobre a necessidade de o ensino de História ser mais moderno. Em 2015, eles criaram o evento História em Movimento, onde discutiam maneiras de modernizar o ensino da disciplina. Márcio aproveitou o nome e criou o projeto que começou a aplicar aos alunos dos ensinos fundamental e médio. Em outubro, a primeira atividade foi transformar os estudantes em pequenos arqueólogos:
— Fiz a oficina do arqueólogo. Enterrei imagens de deuses egípcios no pátio e eles tinham que encontrar. Depois, escreveram os seus relatórios de pesquisa.
Com o retorno positivo dos jovens, Márcio não parou mais. Esse ano, a cada 15 ou 30 dias, ele promove uma oficina sobre o assunto ensinado. Os estudantes já tiveram acesso ao Alcorão — o livro sagrado do Islã —, a objetos da cultura árabe e até aprenderam a fazer pergaminhos.
— Não gostava de História, mas depois que comecei a ter aula com ele, com esse jeito divertido, passei a me interessar. É como se ele fosse um aluno também — define Paulo Renato de Souza, de 11 anos, estudante do 7º ano do colégio em Nilópolis.
— Ele já levou turbante, túnica, lâmpada mágica. Fica mais fácil aprender — aprova a aluna do 7º ano, Maria de Fátima Alcovias Pereira, de 12 anos.
Celulares estão liberados. Mas postar, só depois
Enquanto os smartphones são barrados na maioria das salas de aula, o professor Márcio dá um jeito de integrar a tecnologia ao ensino.
— Nas oficinas, em vez de abrir o livro didático, eu lanço um objeto e os questionamentos surgem a partir dali. Eles podem tirar foto e pesquisar na internet sobre o objeto que está sendo apresentado. Só peço que deixem para postar nas redes sociais quando acabar a aula — explica o mestre.
E o que não falta são alunos postando na internet as aulas com Márcio. As fantasias que ele veste em sala fazem o maior sucesso:
— Eu mesmo transformo, mando fazer ou pego emprestado com algum colega.
A ideia do professor, agora, é implantar a sua forma inovadora de ensinar História em outras salas de aula.
— Vou fazer um balanço das notas desses alunos em 2016 e transmitir isso através de multiplicadores em mais escolas. A ideia é contaminar outros professores de História — sonha.
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