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terça-feira, 20 de junho de 2017

SERVIDORES PÚBLICOS QUE PASSAM O DIA JOGANDO BOCHA SERÃO INVESTIGADOS

Grupo de 15 efetivos diz estar sem trabalho e afirma que esporte é o único passatempo
A Ufes vai abrir uma sindicância para investigar os 15 servidores efetivos que afirmaram estar sem serviços. Eles passam o tempo jogando bocha na universidade, conforme mostrou reportagem exclusiva de Tatiane Braga da TV Gazeta, também publicada por A GAZETA no último sábado.
A abertura de uma comissão de sindicância para investigar as denúncias foi determinada pela Administração Central da instituição. Ao longo de 30 dias, a comissão – composta por servidores docentes e técnico-administrativos – irá colher os depoimentos dos funcionários envolvidos, a fim de elaborar um relatório.
De acordo com a Ufes, a determinação foi dada pelo reitor Reinaldo Centoducate e, caso as denúncias sejam comprovadas, o resultado da sindicância será encaminhado à Reitoria para a abertura de um inquérito administrativo.
Efetivados para atuar em cargos de manutenção e com salários entre R$ 5 mil e R$ 7 mil, os 15 servidores da Universidade afirmam que o trabalho que antes era destinado à eles, agora passou a ser feito por empresas terceirizadas. Sem nada para fazer, a forma encontrada por eles para passar os dias é jogar bocha.
“Não faço nada. Não dão serviço para a gente. Eles passam o serviço para o pessoal da empreiteira”, conta um servidor, que prefere não se identificar. Outro funcionário confirma. “Não delega. A gente espera o serviço chegar”.
Entre o grupo de servidores estão pintores, eletricistas, bombeiros hidráulicos e marceneiros, por exemplo. Todos trabalham no local há mais de 30 anos. Segundo eles, a situação de inatividade se prolonga há cerca de 10.
“Antigamente a Ufes era um espelho. Na época que a gente trabalhava, não tinha mato, não tinha nada. Era pintado, tudo varridinho”, lembra um deles.
Sobrecarregados
Mas enquanto para uns o dia é de ociosidade, para outros, o trabalho fica cada vez mais exaustivo. A razão para isso está na falta de dinheiro, que implicou no corte de funcionários. Desde o início deste ano, a ufes reclama da queda do repasse feito pelo Governo Federal, reduzido em 33,3%.
A limpeza das áreas verdes, que era feita todo mês ou de dois em dois meses, agora ocorre a cada três ou quatro meses. Como o contrato de limpeza também foi reduzido, faxineiras foram demitidas pela empresa terceirizada. As que permanecem, tem se esforçado para manter o serviço em dia.
“Teve vez de eu pegar 25 banheiros, tudo por minha conta. E aí a gente não dá conta direito, porque é muito banheiro para uma pessoa só”, afirma uma servidora da limpeza.
Anteriormente, a Ufes afirmou que os servidores que reclamam por estarem ociosos foram redirecionados para fazer a supervisão de terceirizados ou trabalhos administrativos leves devido à idade avançada. No entanto, eles reiteram que nenhuma atividade lhes é delegada.
Opinião
Não há imposto que dê jeito
O que acontece na Ufes é um escárnio. Enquanto a universidade enfrenta gravíssimos problemas de estrutura, o mato que toma conta do campus de Goiabeiras é revelador, servidores com salário de R$ 7 mil não têm o menor pudor em dizer que não fazem nada. “A gente almoça, depois vai jogar bocha, até dar a hora de ir embora”, disse um deles à reportagem da TV Gazeta. A Ufes é apenas mais um nesse mar de ineficiência que toma conta do serviço público. Diante disso, embora a carga tributária seja pesadíssima, a prestação de serviços é péssima. Sem o devido cuidado com os recursos públicos, não há imposto que dê jeito. Não é essa a lição que a Ufes deveria estar ensinando.

Gazeta Online

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