Os coveiros de Cabo Frio cruzaram os braços na manhã desta quarta-feira (13) em Cabo Frio. A Prefeitura não pagou os salários aos contratados e, segundo a categoria, somente os concursados teriam recebido. Os funcionários das capelas também pararam. Por conta disso, três famílias que estão velando parentes no Cemitério Santa Isabel, no Portinho, revoltadas pela previsão de não conseguir enterrar os entes, levaram sacos de lixo e atearam fogo, bloqueando o acesso à Ponte Feliciano Sodré. O trânsito ficou completamente parado, tal como ocorreu nesta terça (12), quando servidores da Saúde e da Educação foram para as ruas em protesto.
A situação só foi contornada por volta das 11h, depois de negociação entre a categoria, representada pelo Sindicato dos Servidores Municipais de Cabo Frio (Sindcaf), e as famílias. O presidente do Sindicaf, Olney Vianna, conseguiu mediar a situação e liberar os enterros até às 14h30. Quatro vagas nos dois cemitérios foram liberadas para o sepultamento. O trânsito foi lentamente liberado. Todo o entorno da ponte ficou congestionado.
Segundo Olney, a situação dos coveiros é muito complicada. "Eles trabalham de forma precária, sem equipamentos de segurança, sem alimentação, materiais e até sem salários. Entramos em acordo com os familiares. Os coveiros vão fazer os sepultamentos até às 14h30 e vão aguardar o pagamento. Se isso não acontecer, vamos lacrar os cemitérios nenhum sepultamento vai acontecer na cidade. Essa situação é muito complicada. É o prefeito criando o caos social na cidade", disse o sidicalista.
No cemitério Jardim dos Eucaliptos, no bairro Jardim Esperança, o muro de entrada amanheceu com a pixação "Greve". No local, o sepultamento será realizado até o início da tarde desta quarta.
Os familiares de Marlene de Souza Neves estavam revoltados. Segundo eles, ela morreu na noite de segunda-feira (11), no Hospital do Jardim Esperança. O corpo foi liberado para a capela na manhã da terça-feira, mas passadas 24 horas, o mesmo não foi sepultado.
"Pagamos o plano funerário e se fossemos avisados teríamos mandado o corpo para Campos e não passaríamos por essa situação. Mas ninguém avisou nada. Outros dois corpos estão na mesma situação. Um deles foi para o cemitério do Jardim e voltou porque lá também não estão ocorrendo sepultamentos. Isso é o caos, uma falta de respeito com o cidadão. A gente paga imposto para isso", revoltou-se uma das familiares.
Um dos coveiros, que preferiu não se identificar temendo represálias, relatou a situação que a categoria esta. "Trabalhamos sem condições nenhuma. Sem luvas, sem pá, sem cimento. Não tem nem água para beber durante o expediente. Para completar nossa desgraça, estamos sem salário, sem comida em casa, com a luz cortada", disse o coveiro.
A Polícia Militar esteve no local tentando acalmar a situação. O Corpo de Bombeiros foi acionado para apagar o fogo do protesto. Parte dos familiares foram para o Cemitério Santa Isabel. Eles questionam a paralisação e alegam que, por lei, 30%, o efetivo deveria estar trabalhando. Após o acordo, o trânsito foi liberado.
CULPA É DO BLOQUEIO
Em nota, a Prefeitura de Cabo Frio informou que "foram bloqueados R$ 2.470.000,00 das contas públicas e o governo está cumprindo a decisão judicial e não poderá efetuar nenhum pagamento de outras categorias, pois respeita fidedignamente a Justiça deste país, que determinou que não fosse feito repasses salariais para profissionais que não sejam da Educação. Qualquer arrecadação que entrar em nossa conta está bloqueado para pagamento dos profissionais efetivos da Educação. A Prefeitura recorreu da decisão judicial, mas ainda não obteve êxito. Assim, lamenta a determinação, pois não concorda com privilégios a uma categoria apenas, mantendo – a em dia com os pagamentos e as demais em atraso, mas respeita e firma que irá cumpri-la", finaliza a nota.
Equipe RC24h
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