A caixinha de leite saía em média a R$ 2,50 no início do ano
Nos últimos meses, o preço do leite, que se mantinha estável há anos, tem disparado. Se no mês de junho, a alta no valor do produto alcançou 16,45%, no ano esse avanço já é de 34,07%. A caixinha de leite, que saía em média a R$ 2,50 no início do ano, já supera os R$ 4 em alguns estabelecimentos.
Mas há donos de supermercado estimando que o preço pode chegar a R$ 5 ainda este mês, principalmente devido à seca que atinge o Estado. De acordo com o presidente do supermercado Extrabom, Luiz Coutinho, algumas marcas já estão vendendo leite num valor acima do que ele está praticando nas prateleiras de suas lojas.
“Hoje estou vendendo a caixinha de leite entre R$ 3,89 e R$ 4,20. Mas para a remessa nova que estou comprando nesta semana, algumas marcas já estão com um preço maior do que estamos vendendo, a mais de R$ 4. Uma coisa que está bem clara é que algumas marcas, já na próxima semana, devem ficar acima do que vendemos hoje. Esse mês a gente tem perspectiva do leite em torno dos R$ 5”, diz.
Aumentou o preço, mas os donos de supermercado sentiram também o consumidor reduzindo seu consumo, diz João Falqueto, presidente da Associação Capixaba de Supermercados (Acaps).
“O preço já está muito alto e o consumidor, que está com o poder de compra muito limitado, não consegue absorver mais aumentos. Mas a produção deve começar a normalizar a partir de outubro, isso é o natural. Até lá, o leite ainda deve sofrer algumas pressões de aumento de preço, mas não como foi nos últimos 40 dias, que subiu próximo a 40%”, destaca.
Produção
A estiagem e também a queda na produção, em todo o país, são os principais motivos do aumento do valor do leite, explica Marcos Corteletti, presidente da Associação dos Produtores e Criadores de Gado de Leite do Espírito Santo e proprietário da Laticínios Fiore.
“Em todas as regiões do Brasil caiu a produção de leite. E aqui no Estado, estamos passando por uma crise hídrica sem precedentes. Além disso, houve aumento no custo dos insumos, principalmente a alimentação do gado. É o somatório de todos esses fatores ruins”, explica. Segundo ele, o custo de produção já alcança R$ 1,70 a cada litro de leite.
Para o presidente da Selita, Rubens Moreira, o preço deve começar a ceder em dois a três meses. “Como o El Niño está passando, nossa perspectiva é de chuva, a gente deve voltar a produzir leite. Vamos equilibrar demanda com oferta e o preço para o consumidor deve voltar ao patamar de R$ 2,80”.
Queda nas vendas de leite e de seus derivados
Os preços altos têm forçado os consumidores a reduzir suas compras. Reflexo que já é sentido nos supermercados, de acordo com o presidente da Acaps, João Falqueto.
“Já sentimos uma queda na venda do leite de cerca de 5%. Num momento desse, de crise, qualquer percentual é complicado”, destaca.
Segundo ele, a manteiga e a mussarela, além do iogurte, também tiveram uma queda. “Os derivados do leite, de forma geral, tiveram uma redução de 8% a 10% nas vendas. Tem muito consumidor que abre mão desses produtos. A manteiga, por exemplo, o pessoal voltou a comprar margarina”.
Já Marcos Corteletti, proprietário da Laticínios Fiore, destaca que as vendas do setor já estavam caindo com a crise econômica. “Em média, houve uma queda de 30% de venda de produtos lácteos nos supermercados do ano passado para cá”, diz.
Gazeta Online
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