A falta de valorização pelo governo Hartung, agravada pela abertura de inúmeros inquéritos e perseguições após o movimento de janeiro, teve um reflexo direto para a sociedade com a redução dos policiais nas ruas.
Apesar do governo não admitir, a tropa nas ruas está reduzida. Entre os fatores estão o aumento de policiais afastados em decorrência a doenças ocupacionais e também pelo aumento do pedido de aposentadorias.
Desde janeiro deste ano, 286 policiais militares deixaram as ruas e foram para a reserva remunerada. O número de PMs antecipando a aposentadoria já é 40% superior a todo ano de 2016, quando houve 204 inativações. Os dados são da Associação dos Oficiais Militares do Espírito Santo (Assomes).
Para o presidente da Assomes, o tenente-coronel Rogério Fernandes Lima, o número de PMs saindo das ruas é reflexo da crise na segurança pública que aconteceu em fevereiro, quando familiares de PMs iniciaram uma greve que paralisou o trabalho dos policiais. Para ele, é necessário uma política motivacional aos policiais.
“Esses dados se referem ao efetivo que pediu para aposentar, o que no caso de militares, chama-se reserva remunerada. Aí estão relacionados os casos que se anteciparam, e, entre os motivos, estão o desencanto com a carreira após fevereiro de 2017, devido ao movimento de paralisação e o receio da perda de direitos com a reforma da previdência”, explicou.
Ainda de acordo com os dados, em todo ano de 2015 foram 172 policiais antecipando a aposentadoria. O número é 66% menor do que em 2017.
Além dos PMs que foram para a reserva remunerada em 2017, seis saíram por pedido de licenciamento, quando o policial pede para sair da corporação por diversos motivos, e um saiu por licenciamento indeferido, quando o PM não preenche os requisitos para continuar na carreira.
O tenente-coronel completou que não há previsão para a reposição desses policiais, o que, segundo ele, prejudica a segurança pública do estado.
“Quem entra no lugar desses policiais que saíram da rua? Não há previsão de orçamento para concurso público nem esse ano, nem ano que vem. Provavelmente um novo concurso só irá acontecer em 2019 e até lá mais policiais irão sair da PM. Isso pode causar transtornos a população e sobrecarregar os policiais que estão nas ruas”.
Com a redução dos militares disponíveis, a sociedade tem cada vez mais sido atingida com o assustador aumento do número de assaltos.
O que diz a PM
Procurada, a Polícia Militar informou por nota que a passagem do militar à reserva remunerada é uma consequências decorrente de seu tempo de serviço, que no caso da polícia militar é de cerca de 35 anos.
“O cenário nacional relacionado às reformas previdenciárias tem provocado o trabalhador, público ou privado, a avaliar as melhores condições de aposentadoria, numa decisão individual de averbar ou não o tempo de serviço. O aumento da demanda de averbações tem ocorrido como consequência dessas incertezas”.
A nota completou afirmando que a PM reforça que ao passar para a reserva, o militar não está aposentado definitivamente, podendo ser acionado até completar 65 anos de idade, quando passa à condição de reformado.
É preciso que o governo abra novos concursos e valorize os policiais militares bem como os demais servidores que atuam em defesa da população prestando serviços públicos de qualidade.
Fonte: Gazeta Online
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