Preço médio de terra nua, sem construção, no Estado é de R$ 19.819 por hectare
Terra é sinônimo de investimento e geração de renda para os produtores capixabas. Algumas características de cada município, como recursos hídricos, potencialidade do uso de tecnologias e condições climáticas refletem na valorização do solo, o que faz da terra capixaba uma das mais caras do país.
O preço médio geral de terra nua, sem construção, no Espírito Santo é de R$ 19.819 por hectare (ha), ou seja, um terreno de dez mil metros quadrados. De norte a sul, o preço varia, podendo custar, em média, entre R$ 11,8 mil e R$ 36,8 mil, por hectare. Os dados são de uma pesquisa do Centro de Desenvolvimento do Agronegócio (Cedagro).
Como antecipado pela coluna Economia Capixaba da última sexta-feira, em A GAZETA, o Estado está na quarta posição no ranking de hectare mais caro do Brasil, perdendo apenas para São Paulo, Paraná e Santa Catarina. Nos últimos dez anos, o preço médio da terra aumentou 273%, superando a inflação acumulada do período, que foi de 81,71%.
“Apesar de nos últimos três anos o Estado ter sofrido com a crise hídrica e com a seca, o preço da terra superou a inflação acumulada”, reforça o agrônomo e coordenador técnico do Cedagro, Gilmar Dadalto.
Algumas regiões tiveram seus preços afetados de maneira mais branda. No centro-norte, por exemplo, o preço por hectare subiu 241%. Já em valores nominais, a Região Metropolitana é a mais cara da lista, com valor médio de R$ 36,6 mil por hectare.
Características
Para que haja valorização com o passar dos anos, algumas condições são necessárias: “o preço de terra é muito influenciado pela localização geográfica. As regiões próximas à Grande Vitória tiveram preço elevado também pelo fator climático”, explicou Dadalto.
Segundo o diretor-técnico do Incaper, Mauro Rossoni, o aumento de preço se deve a três fatores: produtividade do solo, melhoria na infraestrutura (estradas e energia elétrica) e segmentação das propriedades.
Já o engenheiro agrônomo responsável pela pesquisa, Helder Carnielli, conta que o Espírito Santo tem uma das melhores estruturas fundiárias do país. “Isso permite que as pequenas propriedades agreguem valor de acordo com as regiões. A Serrana, por exemplo, consegue obter o preço maior devido ao agroturismo e à temperatura. Nas regiões em que há cafeicultura e outras culturas com índice tecnológico mais elevado, a tendência é concentrar o valor de terra mais alto”, diz.
Venda Nova
O município de Venda Nova do Imigrante, conhecido pela vocação ao agroturismo e propriedades familiares, chama atenção.
“É uma região em que a atividade agrícola familiar já se estabilizou. Encontramos locais custando até R$ 1 milhão por hectare, um preço que não seria possível para um agricultor”, disse o engenheiro Helder Carnielli.
De acordo com o secretário de finanças da cidade, Rogério Dela Costa, o valor de terra historicamente sempre foi elevado em relação a outros municípios devido também ao turismo.
O administrador de empresas André Minete Nodari, de 44 anos, tem duas propriedades próximas ao centro, uma de 3 hectares e outra de 4. “Já chegaram a me oferecer R$ 3 milhões na propriedade menor e eu recusei”, contou.
ANÁLISE
Garantia de patrimônio para o futuro
“A valorização da terra é uma questão de oferta, quantidade disponível à venda e demanda - se será usada com fins agrícolas, infraestrutura ou investimento financeiro. Muitas pessoas gostam de comprar terra porque é uma garantia de patrimônio para o futuro e para a próxima geração. Ainda há uma tendência histórica, quando as aplicações financeiras são pouco rentáveis e os investidores optam por comprar terras. Quanto à questão da demanda para fins agrícolas, ela é diferente daquela terra para moradia. Perto de Vitória, por exemplo, as propriedades são mais caras. Além disso, ninguém cria terra, mas pode tornar ela mais disponível, possibilitando infraestrutura logística.”
Carlos José Bacha - professor doutor em economia
PREÇO MÉDIO POR HECTARE EM CADA REGIÃO
Metropolitana
O valor médio de terra nos municípios de Cariacica, Serra, Viana, Vila Velha e Vitória é de R$ 36.681.
Transição da Metropolitana com a Centro-Norte
Em média, um hectare de terra em Aracruz, Ibiraçu, João Neiva ou Fundão custa R$ 36.389.
Centro-Norte
Em Linhares, Sooretama ou Jaguaré, a média por hectare é de R$ 22.390.
Central-Serrana
Já nos municípios de Domingos Martins, Marechal Floriano, Santa Maria de Jetibá, Santa Teresa ou Santa Leopoldina, o valor é R$ 20.778.
Serrana/Sul
Em Castelo, Vargem Alta, Alfredo Chaves, Iconha e Rio Novo do Sul, vale, em média, R$ 20.206.
Centro-Norte acidentada
Em Colatina, São Roque do Canaã, Marilândia, Governador Lindenberg, Rio Bananal, São Domingos do Norte, São Gabriel da Palha e Vila Valério, custa R$ 19.292, em média.
Litoral Sul
Em Itapemirim, Presidente Kennedy, Marataízes, Anchieta e Piúma, a média é de R$ 19.282,00.
Nordeste
A média é de R$ 17.199 em São Mateus, Conceição da Barra, Boa Esperança, Nova Venécia e Pinheiros.
Centro/Extremo Sul
Em Cachoeiro de Itapemirim, Atílio Vivácqua, Jerônimo Monteiro, Muqui, Mimoso de Sul, Apiacá, Bom Jesus do Norte e São José do Calçado, a média é de R$ 15.673 por hectare.
Noroeste
Em Pancas, Alto Rio Novo, Águia Branca, Barra de São Francisco, Mantenópolis, Vila Pavão e Água Doce do Norte cada hectare sai em média por R$ 12.706.
Extremo Norte
O hectare em Ecoporanga, Ponto Belo, Mucurici, Montanha e Pedro Canário sai, em média, a R$ 12.609.
Extremo Oeste/Serrana
Baixo Guandu, Itaguaçu, Laranja da Terra, Itarana, Afonso Cláudio e Brejetuba têm média de R$ 12.578 por hectare.
Sul/Caparaó
Em Alegre, Guaçuí, Muniz Freire, Divino São Lourenço, Dores do Rio Preto, Ibitirama, Irupi, Ibatiba, Iúna e Conceição do Castelo, o hectare vale, em média, R$ 11.864.
Fonte: Cedagro
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