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terça-feira, 14 de agosto de 2018

RIO TERÁ CANDIDATO AO GOVERNO COM PATRIMÔNIO SUPERIOR A R$ 82 MILHÕES

Com a possibilidade de usar parte de suas fortunas para financiar a campanha deste ano, os candidatos do partido Novo, Marcelo Trindade, e do PSD, Índio da Costa, levam vantagem em relação aos demais. O primeiro declarou à Justiça Eleitoral ter um patrimônio de R$ 82,9 milhões. E o segundo de R$ 12,2 milhões.
Neste ano, as campanhas serão financiadas com recursos públicos e doações de pessoas físicas, e a regulamentação aprovada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) não colocou limites para o autofinanciamento, que pode ser usado até o teto do valor estipulado pela Lei Eleitoral para cada cargo.
No Rio, cada candidato ao governo pode gastar até R$ 14 milhões na campanha, mas aqueles que não tem dinheiro para investir nas próprias campanhas dependem exclusivamente do dinheiro repassado pelos partidos ou de doações dos eleitores.
A maior parte do patrimônio do empresário, cerca de R$ 66 milhões, está aplicada em fundos de investimento ou previdência e quotas societárias. Entre esses investimentos, Trindade declarou ter uma conta bancária no exterior com R$ 435,8 mil.
Questionado pelo GLOBO sobre como pretende financiar sua campanha, o candidato disse que pretende gastar "muito menos" do que o limite legal.
— Estimamos gastar muito menos do que o limite estabelecido pela lei. O Novo defende que, na vida pública, é preciso dar exemplos. Pelo mesmo motivo, vou fazer doações para minha campanha, assim como espero receber doações de pessoas físicas, sempre dentro do que determina a legislação. Ainda não sei quanto precisarei doar, isso será feito de acordo com a arrecadação — disse Trindade por meio da assessoria.
Já o candidato do PSD ao governo, o deputado Índio da Costa, declarou à Justiça ter R$ 12,2 milhões em bens e investimentos. Quase todo esse patrimônio decorre de uma casa declarada pelo parlamentar no valor de R$ 10,4 milhões.
O restante está aplicado em quotas societárias e aplicações financeiras. Quando concorreu à prefeitura da capital, em 2012, Índio declarou ter patrimônio um pouco menor de R$ 11,8 milhões. À época, a casa estava em construção e foi declarada com valor de R$ 7,9 milhões.
Procurado pela reportagem para informar, o parlamentar informou que não pretende usar recursos próprios na campanha.
— Os recursos da nossa campanha são suficientes, porque entendemos que o conteúdo da mensagem e o impacto dela junto às pessoas será o nosso valor principal. Esclareço, de toda forma, que meus recursos não são líquidos, mas estão aplicados em bens, conforme meu imposto de renda mostra claramente — disse por meio da assessoria.
CLASSE MÉDIA
Outros três candidatos ao governo também já apresentaram sua declaração de bens à Justiça, mas com cifras mais modestas.
O ex-prefeito Eduardo Paes, candidato do MDB, declarou ter patrimônio de R$ 325,6 mil, dividido em aplicações financeiras e depósitos bancários. O emedebista não tem imóveis e disse ter uma conta no exterior com saldo de R$ 16,9 mil.
O valor declarado neste ano é um pouco menor do que o declarado na sua última campanha para a Prefeitura do Rio, em 2012, quando divulgou ter patrimônio de R$ 330,1 mil. À época, ele não tinha conta corrente no exterior.
Desde agosto do ano passado, Paes trabalhava na iniciativa privada no exterior e, conforme apurou o GLOBO, ele recebeu nesse período cerca de R$ 1,7 milhão. O emedebista não confirmou esse valor, mas disse que ganhava "muito bem" como vice-presidente da montadora chinesa BYD e como consultor do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), onde trabalhou no segundo semestre do ano passado.
— Não posso informar, porque tenho contrato de confidencialidade com a empresa. Mas é um valor declarado e pago no imposto de renda. Não confirmo que seja esse o valor (de R$ 1,7 milhão) — disse Paes ao GLOBO.
Segundo ele, as despesas pessoais, os gastos com a mudança, a vida mais cara nos Estados Unidos e o período em que pagou aluguel para morar fora do país e no Rio não permitiram aumentar o patrimônio.
— Tem esse período em que recebi bem melhor, mas bem melhor mesmo. Mas com os gastos, infelizmente, não deu para guardar muito dinheiro — argumentou.
O candidato do PSOL, o vereador Tarcísio Motta, vai concorrer novamente ao governo neste ano e declarou à Justiça patrimônio de R$ 10 mil, depositados em conta bancária no país. O valor é pouco maior que os R$ 8,1 mil declarados na campanha de 2016.
A candidata do PSTU ao governo, Dayse Oliveira, também se registrou no Tribunal Regional Eleitoral (TRE-RJ), mas a declaração de bens não ficou disponível no sistema público.
AINDA SEM DADOS OFICIAIS
Nos últimos dias, o GLOBO procurou os principais candidatos ao governo e pediu que eles revelassem o patrimônio que registrariam no TRE-RJ e dois deles anteciparam os dados. Anthony Garotinho (PRP) informou que vai declarar à Justiça Eleitoral ter patrimônio de R$ 196,1 mil, divididos entre imóveis e participações societárias.
O valor é inferior aos R$ 303 mil declarados na disputa ao governo em 2014. Naquela época, Garotinho declarou investimentos em fundo de previdência de aproximadamente R$ 170 mil, que dessa vez não compõe mais sua declaração à Justiça.
A estreante Márcia Tiburi, que vai concorrer pelo PT, informou que vai declarar um imóvel de R$ 711 mil e aplicações financeiras que somam R$ 240 mil.

EXTRA

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