Foto/R7/Divulgação
Uma família de Itabira, na região central de Minas Gerais, tomou uma decisão extrema para conseguir pagar pelos medicamentos da filha doente: vender a casa onde eles vivem.
Hethaly Bárbara Marques, de 23 anos, foi diagnosticada há 10 meses com aplasia de medula óssea, uma doença rara que causa destruição do órgão. Segundo o médico hematologista Guilherme Campos, é possível alcançar a cura com uso de medicamentos imunossupressores, mas a paciente não respondeu bem ao tratamento.
Assim, a única possibilidade que resta para Hethaly livrar-se da enfermidade é um transplante de medula de um doador 100% compatível.
— A esperança era que a irmã dela fosse compatível, mas o resultado do exame não mostrou isso.
Alívio
Até que encontre a pessoa certa para ceder a medula, Hethaly sofre com os sintomas da aplasia, que causa disfunção na produção sanguínea, atacando o sistema imunológico e gerando frequentes quadros de anemia grave. Campos explica que o único remédio que conseguiu aliviar o quadro da estudante foi o chamado Eltrombopag.
— Ele vai melhorar a qualidade de vida da paciente até lá, mas ela ainda precisa do transplante.
A coletadora de lixo Silvana Alves Marques, mãe da paciente, desabafa que, apesar de ter encontrado uma solução paliativa para o problema da filha, foi desesperador saber que o medicamento custa R$ 4.800 e a caixa dura apenas quatro dias. Com a divulgação do caso na internet, várias pessoas se mobilizaram para arrecadar dinheiro para família. Ainda assim, Silvana conta que a única solução encontrada por ela e o marido, que é motorista de ônibus, foi colocar a casa onde eles moram à venda.
— Nós pensamos em vender o carro, mas os médicos disseram que ele era necessário para transportar a Hethaly. O que sobrou foi a casa. O que mais dói é saber que o remédio deu certo para ela e nós não temos dinheiro para comprar.
Justiça
O remédio é novo no mercado e não está na lista de medicamentos de distribuição obrigatória do SUS (Sistema Único de Saúde). Por isso, a família recorreu à Justiça para garantir o direito de recebê-lo. No entanto, segundo Alexandre Eulálio, advogado que acompanha o caso, a batalha tem sido tortuosa para os pais.
— O pedido foi negado em Primeira Instância, mas conseguimos uma liminar do Tribunal Regional Federal da Primeira Região determinando o fornecimento do medicamento. A juíza já mandou o cumprimento da decisão, mas quase dois meses depois, nada foi feito.
Procurada, a Secretaria de Estado de Saúde informou que ainda não foi notificada sobre o caso. A reportagem ainda aguarda resposta da prefeitura e do Governo Federal sobre o assunto.
Confira a nota o Governo de Minas na íntegra:
"A Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) informa que o caso mencionado trata-se de ação proposta contra a União, o Estado de Minas Gerais e o Município de Belo Horizonte. Até o momento, não consta cadastro da ação na SES-MG, o que indica que o Estado de Minas Gerais ainda não foi intimado da decisão."
R7/Folha Vitória
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