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terça-feira, 28 de outubro de 2025

O VOO DOS CAPELOS, O VOO DA ESPERANÇA: A CIDADE QUE ERGUEU OS OLHOS AO CÉU

O que se viu nas escadarias da Igreja Matriz da Paróquia Pessoal Senhor Bom Jesus Crucificado e Imaculado Coração de Maria não foram apenas os belos registros da formatura dos alunos do Centro Universitário UniFamesc.
Os capelos lançados ao alto cortaram o ar como aves negras em voo de liberdade. Tradicionalmente, esses chapéus pretos simbolizam o fim de uma etapa: o momento em que o estudante deixa para trás o tempo de aprendiz para assumir o papel de profissional. Há séculos, o capelo representa a competência e o mérito, uma coroa simbólica que, em vez de ouro, se tece de esforço e superação.
Os capelos lançados ao alto nas escadarias da Igreja Matriz servem como um potente emblema: não apenas o rito de passagem dos formandos, mas o voo coletivo de uma cidade que, após tempos difíceis, volta a erguer-se com fé, estudo e trabalho. O gesto dos jovens ecoa o movimento histórico do próprio município, ambos lançando ao céu o sinal da vitória sobre as limitações do passado.
Há também uma poesia discreta, porém constante, na escolha da arquitetura neogótica como espelho da alma bonjesuense: sólida, bela e voltada ao alto. O tom é esperançoso, mas sem ingenuidade; é um hino à reconstrução, um canto de gratidão e de fé no poder transformador do conhecimento.
O que se viveu ali foi mais do que uma cerimônia. Não foram apenas as alegrias dos formandos, nem o encanto da arquitetura neogótica do templo bonjesuense. O que se viu foi a evidência viva de uma nova era de progresso pela qual passa Bom Jesus do Itabapoana, e isso é motivo de imenso orgulho.
Houve um tempo de sombras em nosso município. A Casa de Saúde Aurora Avelino fechou suas portas, e o Hospital São Vicente de Paulo esteve por um fio. No entanto, quando o Centro Popular Pró-Melhoramentos, liderado pelo engenheiro Paulo Sérgio Cyrillo, decidiu doar, com aprovação dos associados, uma área para a instalação de uma faculdade, talvez ninguém imaginasse a grandiosidade do que se veria hoje.
Hoje, a antiga Casa de Saúde renasce como Casa de Saúde São Carlos, restabelecida pela UniFamesc. A instituição oferece diversos cursos, entre eles, Medicina e Direito, e gera mais de 350 empregos diretos. Em reconhecimento, uma de suas unidades leva o nome de seu visionário: Prédio Paulo Sérgio Cyrillo.
Se, em outros tempos, os jovens bonjesuenses precisavam deixar a cidade para estudar, agora é Bom Jesus que se tornou polo de educação e conhecimento. Rostos novos passaram a integrar a vida da cidade, e o desenvolvimento econômico floresceu: casas alugadas, comércios prósperos, novos prédios, sinais de uma vitalidade que não se detém.
Hoje, nossos jovens podem estudar e trabalhar aqui mesmo, sem se afastar de suas raízes.
O Hospital São Vicente de Paulo, que um dia quase se perdeu, renasceu das cinzas e se transformou em referência em saúde regional. Em seu novo anexo ergue-se até um heliporto, símbolo moderno de um tempo em que o impossível deixou de ser palavra.
O florescimento de Bom Jesus é fruto das mãos que sonham e lutam, das gerações que acreditaram quando tudo parecia distante, e que continuam a fazê-lo.
O futuro está em nossa capacidade de sonhar, acreditar e realizar. Essa é a essência do ser bonjesuense.
Naquele instante de formatura, tudo se misturou em uma celebração única: a alegria dos formandos, o orgulho das famílias e o reconhecimento da UniFamesc por mais uma etapa cumprida. Nessa festa simbólica, o passado se une ao presente, a memória de Paulo Sérgio Cyrillo e dos dirigentes do Centro Popular Pró-Melhoramentos se encontra com os novos passos de uma juventude que constrói o amanhã.
E, junto a eles, celebra também o município de Bom Jesus do Itabapoana, que segue firme rumo a novos horizontes, edificando uma sociedade cada vez mais culta, solidária e humanizada.
Em suma, trata-se de celebrar a vida comunitária, a força dos sonhos realizados e a continuidade da esperança, virtudes que dignificam não só os formandos, mas toda a história e o espírito de Bom Jesus do Itabapoana.

O Norte Fluminense

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