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sábado, 30 de junho de 2018

DECRETADO ESTADO DE EPIDEMIA DE CHIKUNGUNYA EM CAMPOS

O município de Campos, maior do interior do Estado, já contabiliza 1.966 casos de febre chikungunya, ultrapassando assim 300 casos por 100 mil habitantes, o que levou o poder público a decretar, a partir desta sexta-feira (29/06), estado de epidemia em relação à doença. Na manhã de hoje, representantes da Saúde deram uma coletiva para falar sobre a situação de surto em que a cidade está vivendo atualmente.
Segundo a secretaria de Saúde, o vírus da dengue não está circulando no município e apenas a febre chikungunya é a preocupação no momento.
“Esse surto [de chikungunya] é uma realidade nacional hoje. Vários municípios têm decretado. O Estado está em estado de alerta, em função disso, e a secretaria de Saúde [de Campos] junto com seus parceiros não está descansando. A gente intensificou as nossas ações, com vários mutirões. Um trabalho em conjunto com a secretaria de Meio Ambiente e Limpeza Pública e que tem sido efetivo”, informou a subsecretária de Saúde, Cíntia Ferrini.
NÚMERO DE CASOS AUMENTOU DRASTICAMENTE
Aconteceram casos de uma progressão aritmética aumentada, números esses que são contados por semana. Dessa forma, segundo a diretora da Vigilância em Saúde, Andreya Moreira, a semana epidemiológica foi fechada, de hoje (29/06) até sexta-feira passada (22/06) em 1966 casos da patologia em Campos.
Em janeiro foi notificado apenas um caso de chikungunya; em fevereiro nenhum; em março quatro casos e em abril 113. “Em abril nós já despertamos um alerta de que havia alguma coisa de diferente no cenário municipal. A partir daí, começamos a montar várias reuniões de comitê de enfretamento para começarmos as ações mais efetivas”, ressaltou Moreira.
Alterações climáticas no município, tanto de verão seco e inverno úmido, acrescido de condições sociais fizeram com que ocorressem muitas adaptações do vetor, causando um aumento significativo no número de casos. Prova disso, foi que no mês de maio foram verificados 921 casos da doença.
“A viremia [presença de vírus no sangue] no mosquito é maior do que no vírus da dengue. A viremia no indivíduo é o dobro de como se ele estivesse com dengue. Então são fatores que colaboram para aumentar a viremia e a propagação da doença. Portanto, essas adaptações ao vetor que causam uma maior viremia, tanto no mosquito como no humano e isso faz com que se propague (vírus) e a pessoa fique mais virêmica por um período maior”, pontuou Andreia acrescentando que em média, cerca de 250 atendimentos são realizados por dia no Centro de Referência de Doenças Imuno-infecciosas (CRDI).
O diretor do CRDI, Luiz José de Souza, disse que vários são os fatores que contribuem na proliferação do vetor: chuva, calor, umidade. O município de Campos tem algumas particularidades que dificultam o combate ao vetor, sendo uma cidade de 4.027 km² e que faz divisa com nove municípios, além disso, tem uma rodovia federal, a BR-101, que circula dentro da cidade. No entanto, o grande problema vivido, hoje, pela Planície Goitacá é o saneamento ambiental residencial.
“Mesmo com todo o trabalho de prevenção e do CCZ a gente não consegue impedir essas epidemias. É preciso ter aquele cuidado com os focos que estão dentro da residência, mas a população ainda tem muita dificuldade em fazer o trabalho dela”.
EPIDEMIA EXPLOSIVA E PROGRESSIVA
O cenário atual no município é o que a Vigilância em Saúde chama de “epidemia explosiva e progressiva”. O frio é um fator que irá ajudar na diminuição no número de casos, entretanto, se a população não fizer a sua parte, a incidência alta de notificações da doença poderá voltar.
“Houve um desleixo da população com os cuidados preventivos e, a partir daí, houve um aumento expressivo do número de casos”.
Diferente da dengue, na chikungunya o número de internações são menores, os pacientes têm uma dor muito intensa e precisam de uma medicação analgésica mais intensificada, entretanto não há óbitos por causa da doença. Em contrapartida, a febre cronifica, coisa que a dengue não faz. A doença é uma situação nova para todo o Brasil. Pesquisas apontam que ela, provavelmente, estará presente no país durante uma estimativa de dois anos.
“A nossa preocupação é real, principalmente para o futuro próximo de pessoas incapacitadas. Temos que agir agora no momento. Nossa rede está preparada para acomodar essas pessoas. Estamos disponibilizamos essas medicações nas farmácias e polos regionais. Ontem (28/06), nós tivemos uma reunião e recebemos uma quantidade boa de medicamentos que já estão distribuídos nos polos”, comentou Moreira.
OS 10 BAIRROS MAIS INFESTADOS PELA DOENÇA
O diretor do Centro de Controle de Zoonozes (CCZ), Marcelo Sales, garantiu que existe a possibilidade de contratação de novos agentes de combate a endemias. “Após o decreto (de emergência em epidemia) sair, a gente está pensando nisso e em um número para conseguir dá um reforço a nossa equipe”.
Quanto às visitas domiciliares, aonde o órgão vem enfrentando dificuldades para adentrar nos imóveis abandonados, no entanto, a partir do decreto de epidemia, que será publicado nesta sexta-feira, o município estará respaldado a fazer qualquer tipo de intervenção.
“A gente vem procurando os proprietários e o que estamos conseguindo achar, com o auxílio da Posturas, estamos notificando e agora vamos, com o auxílio da Guarda Municipal e, se necessário, da Polícia Militar, vamos entrar nessas casas abandonadas e fazer o nosso trabalho”.
Em relação às residências cujos donos não são encontrados, o diretor informou que as equipes têm procurado fazer a revisita em horários diferenciados e, inclusive, aos fins de semana, de modo que, possam encontrar alguém em casa.
Sales ponderou também que a equipe técnica tem feito um trabalho de mapeamento nos bairros, verificando em quais locais há maior incidência de focos do mosquito. “Esses bairros estão sendo priorizados nos mutirões. Também temos priorizado na aplicação de fumacê”, avaliou o diretor comentando que é o LIRAa quem determina quais locais que haverá o fumacê. “Nos bairros que têm o índice de infestação mais alto a gente está priorizando eles”. Só lembrando que o próximo Levantamento Rápido do Índice de Infestação de Aedes aegypti (LIRAa) será realizado de 05 a 11 de agosto deste ano.
Houve um aumento expressivo no LIRAa que fechou janeiro com 3.2; fevereiro 3.6 e em maio foi para 6.1, mês esse onde houve um “boom” no número de casos da doença.
Os 10 bairros de maior índice são: Donana, Turf Club, Parque Fazendinha, Dom Bosco, Parque Oliveira Botelho, Pecuária, Parque Leopoldina, São Clemente, Santo Antônio e Santa Rosa. Os mutirões, de controle ao vetor, estão sendo intensificados nesses bairros e em suas adjacências.

Fonte: Ururau

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