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sábado, 10 de novembro de 2018

DEPUTADO PRESO DÁ AS CARTAS NA POLÍTICA E QUER ATUAR NA ALERJ POR MEIO DA MULHER RECÉM-ELEITA, DIZ MPF

O deputado Paulo Melo ao lado da esposa Franciane Motta, recém-eleita, inauguram obra com o então governador Sérgio Cabral — Foto: MDB/Divulgação
Franciane Motta é esposa de Paulo Melo e recebeu 45.123 votos. Segundo procuradores, áudios mostram intenção de preservar organização criminosa com parentes na Assembleia

A eleição de Franciane Motta (MDB), esposa do deputado estadual preso Paulo Melo (MDB), preocupa procuradores do Ministério Público Federal. Melo, que está detido desde a Operação Cadeia Velha, foi novamente denunciado na Operação Furna da Onça, desencadeada na quinta (8). Nela, os investigadores dizem que a organização criminosa tenta se manter no poder mesmo com as prisões.
Franciane foi a 25ª deputada mais bem votada em outubro e será empossada no ano que vem na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), substituindo o marido que segue na cadeia. Na Operação desencadeada na última quinta-feira, ela é citada, mas não é investigada.
Ainda segundo o MPF, escutas telefônicas mostram que ele "continua dando as cartas no cenário político local".
Numa delas, gravada com autorização da Justiça, Franciane Motta desabafa que Paulo Melo ficou "p***" com uma conversa do então candidato à prefeitura do Rio pelo DEM, Eduardo Paes, com uma pessoa chamada André. O teor da conversa não foi revelado.
Na ligação, Franciane conversava com Magno Cezar Motta, assessor e operador financeiro de Paulo Melo na quadrilha. Magno foi "grampeado" pela suspeita de receber propina em nome do deputado e também acabou preso.
Ao G1, a assessoria de imprensa de Paulo Melo informou que "até o momento, a defesa não se posicionou a respeito da última denúncia". A defesa de Franciane Motta ainda não se pronunciou.
Outra assessora ligada à família também acabou sendo detida. Carla Adriana Pereira havia sido lotada no gabinete dele e, nesta eleição, foi coordenadora de campanha de Franciane. Diretora de registros do Detran, intermediava os interesses do casal no órgão. A família, dizem os procuradores, tinha "nítida ascendência" sobre a funcionária.
O Detran, segundo a denúncia, foi transformado num balcão de negócios onde os deputados indicavam pessoas para ocupar cargos. Em troca, ganhavam força política e votos.
"As mesmas pessoas que agiam sob o comando de Paulo Melo permanecem ocupando os cargos estratégicos dentro do Detran/RJ, evidenciando a força do esquema, assim como o seu prosseguimento. Não por acaso (...) Carla Adriana está atuando em favor da campanha de Franciane Motta, esposa de Paulo Melo", diz o pedido de prisão.
A investigação, ainda de acordo com os procuradores, mostra que "ainda que recolhido à prisão" Paulo Melo tenta a "preservação da organização criminosa, inserindo na Alerj seus parentes".
Afilhados políticos eleitos
Max Lemos, ex-prefeito de Queimados, e o padrinho político Jorge Picciani (MDB), preso na Lava Jato — Foto: Divulgação/MDB
Em outubro, o G1 mostrou que a tentativa de reeleger filhos de figuras tradicionais do MDB se revelou frustrada. Marco Antônio Cabral, Leonardo Picciani e Danielle Cunha, todos do MDB, não se elegeram. Eles são filhos, respectivamente, de Sérgio Cabral, Jorge Picciani e Eduardo Cunha.
No entanto, os afilhados políticos tiveram melhor sorte. Max Lemos, próximo à Picciani; Franciane Motta, esposa de Paulo Melo; e Pedro Brazão, cunhado de Domingos Brazão foram eleitos.

G1

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