O mar de Atafona, em São João da Barra, teve mais um avanço e voltou a preocupar moradores, que aguardam por uma intervenção concreta que possa frear força do oceano. Na última semana, as ondas já atingiam o antigo bar do Santana, nas proximidades da área dos frigoríficos. Enquanto isso, a implantação do projeto de contenção do mar, atestado pelo Instituto Nacional de Pesquisa Hidroviárias (INPH), ainda é esperada.
A diretora da Associação SOS Atafona, Verônica Ammar, destacou a importância da obra de contenção na praia sanjoanense. Ela informou que no início de março está prevista uma reunião com a associação, Ministério Público e Prefeitura de SJB para debaterem a situação do avanço do mar. “Já existe uma ação na Justiça, idealizada pelo advogado Geraldo Machado, e como Associação também pretendemos dar força a essa ação para que consigamos uma solução para esse impasse. Oficializamos a associação há pouco tempo, mas não é de agora que estamos lutando para que o projeto seja colocado em prática e a história de Atafona seja preservada”, comentou.
Verônica destacou ainda a preocupação de moradores e pescadores. “Você sente as dores das pessoas. Quando se perde um imóvel, histórias são perdidas também. E todo mundo tem uma história boa com Atafona. A gente não pode perder mais nada e nossa ideia é fazer uma campanha para que outros municípios também possam ajudar para que consigamos uma resposta mais concreta e que o projeto de contenção seja finalmente colocado em prática”, disse.
Em nota, a Prefeitura de sanjoanense disse que “Defesa Civil, juntamente com a Secretaria de Meio Ambiente, vem prestando suporte aos moradores do Pontal, em caráter emergencial paliativo no período de ressaca e de maré alta. Quanto à verba de R$ 180 milhões para pôr em prática o anteprojeto do INPH, não houve avanços. O município, por sua vez, continua se movimentando na busca por uma solução e uma nova frente de trabalho, em consonância com o Ministério Público Federal, Universidade Federal Fluminense e especialistas, entrará em pauta já no mês de março, na tentativa de apresentar alternativas para o fenômeno da erosão costeira a um custo menor em termos financeiros e viável do ponto de vista ambiental. Um projeto de bombeamento artificial de dunas para crescer ou “engordar” a praia de Atafona, com areia compatível à da praia é um dos estudos de viabilidade, que depende da elaboração e aprovação do EIA-RIMA ( Estudo de Impacto Ambiental e Relatório de Impacto de Meio Ambiente) pelos os órgãos ambientais”.
A situação de Atafona não é de agora. Há 60 anos foi noticiado a primeira matéria que falava da necessidade de intervenções na praia sanjoanense. Em 17 de fevereiro de 1959, o extinto jornal campista “Folha do Povo” destacava na sua principal página que era necessário um “espigão para garantir a sobrevivência do Pontal, em Atafona”. A publicação destacava, ainda, que a medida foi “adotada no Recife e ainda recentemente em várias praias do Rio de Janeiro, com pleno êxito”. À época, o então deputado estadual Simão Mansur (1915-1978), sanjoanense do antigo sertão, demonstrou interesse e disse que lutaria pelo projeto. Agora, são outros políticos nesta saga. Enquanto nada sai do papel, o mar que já encobriu todo Pontal avança cada vez mais.
Em 2014, o INPH garantiu a viabilidade de um projeto para ser desenvolvido em Atafona. Só que, quatro anos depois, as discussões ainda são burocráticas. No ano passado, a prefeita Carla Machado (PP) chegou a apresentar o documento ao presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM), mas, até o momento, não houve nenhuma resposta pública.
Folha1
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