A morte da médica veterinária Laura da Silva Ney, de 30 anos, segue cercada de dúvidas e revolta. Encontrada sem vida dentro do apartamento em que morava com o companheiro, em Navegantes, no último sábado (27), a jovem foi atingida por disparos de arma de fogo, fato que levou a Polícia Civil a trabalhar inicialmente com a hipótese de suicídio. Porém, familiares, amigos e vizinhos não concordam com essa versão e cobram que o caso seja tratado como possível homicídio.
Um morador de rua que estava nas imediações do local da tragédia relatou ter ouvido dois disparos pouco antes de o companheiro acionar o Corpo de Bombeiros. Quando a equipe chegou, encontrou Laura caída, supostamente com ferimentos na região do peito e uma arma próxima ao corpo. O Samu confirmou o óbito no local.
A testemunha contou que os estampidos foram ouvidos cerca de dez minutos antes da chegada das guarnições. “Foram dois estrondos fortes. Não sei dizer se era barulho de moto, ou se foram tiros”, disse o andarilho à polícia.
Relato do companheiro
O companheiro relatou à polícia que, na data anterior ao ocorrido, os dois tiveram uma briga após ele supostamente encontrar conversas da esposa com outro homem no celular. Disse que dormiram separados na noite de sexta-feira: ele teria ficado no sofá e Laura permaneceu no quarto.
Na manhã de sábado, afirmou ter entrado no quarto apenas para pegar roupas e tomar banho antes de ir ao trabalho. Contou que saiu pouco antes das 11h e retornou por volta desse horário. Disse ainda que, até em torno das 14h, não conversaram, já que a vítima supostamente permaneceu dentro do quarto.
Segundo o relato, às 14h ele voltou ao cômodo para pegar roupas e ir buscar sua filha de outro relacionamento, que mora em Itajaí. Declarou que fez um PIX às 14h44 para a travessia, buscou a criança e permaneceu com ela até próximo das 20h no Balneário Shopping, entregando-a à mãe às 20h28.
No retorno a Navegantes, por volta das 20h50, contou ter estacionado o veículo, subido ao apartamento e se deparado com sangue e a esposa caída no chão, próxima a uma arma. Disse que chegou a ter a impressão de que Laura mexeu a boca, mas o corpo já estava frio.
Relatou também que telefonou inicialmente para a polícia, sem atendimento, e em seguida acionou o Corpo de Bombeiros e a Polícia Militar, confirmando depois o deslocamento das equipes. A arma usada foi entregue à Polícia Civil, junto com munições e carregadores sobressalentes.
Dúvidas levantadas pela família
Para os amigos de Laura, a hipótese de suicídio não faz sentido. Eles destacam que a veterinária tinha uma carreira em ascensão, havia se mudado para Navegantes há menos de um ano e estava atuando como patologista clínica, profissão que sempre sonhou exercer.
Nas redes sociais, familiares lançaram a campanha #JustiçaPorLauraNey, que rapidamente se espalhou. “Estamos cansadas de enterrar mulheres que só queriam viver”, escreveu uma amiga em tom de indignação. Outras mensagens questionam como alguém poderia ter dado dois tiros contra si mesma.
Histórico e despedida
Natural de São José de Ubá (RJ), Laura se formou em Medicina Veterinária pela Universidade Iguaçu (UNIG) e fez mestrado em Patologia Clínica na Universidade Estadual do Norte Fluminense (UENF). Em dezembro de 2024, decidiu se mudar para Santa Catarina para trabalhar em um laboratório especializado.
Investigação em andamento
A Polícia Civil de Navegantes informou que aguarda o resultado dos laudos periciais para determinar a causa da morte. A perícia deverá confirmar se o disparo – ou os disparos – foi feito no peito ou pelas costas, elemento decisivo para esclarecer se o caso foi suicídio ou homicídio.
Enquanto isso, cresce a mobilização por justiça nas redes sociais. Centenas de mensagens destacam que a morte de Laura não pode ser tratada como uma simples fatalidade. “A justiça dos homens será feita, o verdadeiro culpado logo aparecerá”, comentou um amigo em tom de esperança.
A pressão popular e os elementos contraditórios no caso devem fazer com que a investigação se torne mais ampla, trazendo novos desdobramentos nos próximos dias.
Jornal Razão
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