O ex-governador Sérgio Cabral (PMDB), o mais desgastado e de pior avaliação no Brasil durante as Jornadas de Junho do ano passado, será uma espécie de "conselheiro permanente" do governador eleito Luiz Fernando Pezão (PMDB). Este será o papel de Cabral, antecessor de Pezão na futura gestão do Rio a partir de 2015. Pezão disse que Cabral ele não terá cargos, mas poderá ser procurado em busca de conselhos. "Pela sua experiência, o ex-governador será uma fonte permanente de consultas", explicou o governador.
Pezão vai escolher o seu secretariado entre o fim de outubro e o dia 1º de janeiro que o "Certamente terá um cara mais técnica do que política", afirmou ao site Terra o deputado estadual reeleito Gustavo Tutuca (PMDB), ex-secretário de Ciência e Tecnologia de Cabral, que em 2013 foi o principal vilão das manifestações de rua, aos gritos de "Fora Cabral".
A maior dificuldade para Pezão montar seu secretariado, entretanto, reside exatamente no esquema montado com 21 partidos, num amplo arco de alianças que sustentou sua candidatura, formada na grande maioria por siglas sem expressão, consideradas como legendas de aluguel, fisiológicos na maior parte, e que desejam avidamente seus nacos do poder.
Tutuca, aliás é um dos casos de secretário político e não técnico e que pode repetir pasta, desde que não prejudique a base de apoio de Pezão na Assembleia Legislativa (Alerj). Na verdade, Pezão apenas na segunda quinzena de janeiro é que vai decidir sua equipe de trabalho.
Outros nomes são certos no governo, como Hudson Braga na secretaria de Obras e Wagner Victer na Cedae. Nomes mais ligados a Cabral como Júlio Bueno (Desenvolvimento) e o deputado federal Júlio Lopes (Transportes) podem perder espaço, porque Pezão precisa agradar aos partidos da base aliada. "Sei que não tem secretaria para todo mundo. Quero os melhores. Não descarto nem mesmo nomes ligados aos partidos de oposição", disse Pezão.
O secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, já teria sinalizado que quer deixar o cargo em 31 de dezembro. Pezão admitiu que Beltrame, de 57 anos, tem se sentido cansado, mas afirmou que quer a permanência dele no cargo. Uma das propostas discutidas nos bastidores do governo é a possibilidade de o secretário deixar a área de segurança, mas não o governo: ele assumiria a Secretaria estadual de Assistência Social e Direitos Humanos, com a proposta de levar mais serviços às favelas com UPPs.
Pezão adiantou que deve criar uma pasta especial para gerenciar a Região Metropolitana. Ele ainda não sabe se vai ser uma secretaria ou agência. "Mas tem que ser alguém que seja bem articulado com as outras secretarias e prefeitos da região", disse.
Governador no meio da luta intensa nos bastidores da Alerj
Além de montar sua nova equipe de governo, Pezão vai ter que agir como líder para domar as aspirações dos políticos do PMDB para comandar a Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) a partir de fevereiro. Paulo Mello, atual presidente e Jorge Picciani, ex-presidente e presidente do partido, prometem uma luta intensa nos bastidores. Para Carlos Roberto Osório, que é da executiva estadual do partido e favorito a líder do governo na Alerj, ainda é muito cedo para qualquer definição. "Temos muito tempo até fevereiro", disse. "Tenho certeza que Pezão vai saber unir o PMDB", aposta Tutuca.
Pezão também disse que não pretende se intrometer na discussão de quem será o próximo presidente Alerj. O deputado Paulo Mello (PMDB), atual presidente, quer disputar a reeleição. No entanto, o presidente do PMDB no estado, Jorge Picciani, que voltar à Casa que já presidiu e também deseja ocupar o cargo.
O Diário
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