Fátima
Meira/Futura Press
Pressionado devido ao esquema de candidaturas laranjas do PSL nas eleições de 2018, e por ataques de Carlos Bolsonaro, filho do presidente Jair Bolsonaro (PSL), o ministro Gustavo Bebianno (Secretaria-Geral) negou intenção de pedir demissão do cargo.
"Não tenho essa intenção porque não fiz nada de errado. Meu trabalho continua sendo em beneficio do Brasil. O presidente, se entender que eu não deva mais continuar, ele certamente vai me comunicar", afirmou em entrevista à GloboNews na noite desta quarta-feira (13).
O ministro disse que a relação com o presidente sempre foi a melhor possível. "Da minha parte tudo foi feito com honestidade, correção e vamos esperar para ver o que acontece."
O presidente Jair Bolsonaro admitiu em entrevista à Rede Record a possibilidade da saída do ministro.
"Se estiver envolvido e, logicamente, responsabilizado, lamentavelmente o destino não pode ser outro a não ser voltar às suas origens". A declaração foi gravada ainda no Hospital Albert Einstein, antes do presidente receber alta nesta quarta.
Bolsonaro afirmou ainda que determinou à Polícia Federal que investigue o caso e que deu carta branca ao ministro Sergio Moro (Justiça).
A revelação do esquema de candidaturas laranjas do PSL provocou uma crise no governo de Jair Bolsonaro, alavancada pelo ataque nesta quarta do vereador Carlos Bolsonaro a Bebianno com o qual já teve embates anteriores.
Carlos disse em rede social que o ministro mentiu ao afirmar que havia conversado três vezes com Bolsonaro numa tentativa de negar a informação de que seria alvo de desgaste.
Mais tarde, Carlos divulgou um áudio no qual o presidente da República se recusa a conversar com Bebianno: "Gustavo, está complicado eu conversar ainda, então não vou falar com ninguém, a não ser o estritamente essencial".
O próprio presidente endossou o ataque do filho ao ministro à noite, quando compartilhou a postagem. Na entrevista à Record, Bolsonaro também negou ter debatido com Bebianno. "Em nenhum momento conversei com ele."
Segundo a reportagem apurou, ele esperava que Bebianno pedisse demissão já no começo de quarta, para que saísse do hospital onde esteve internado em São Paulo e chegasse à tarde a Brasília com um trunfo para conter os impactos do caso.
Sobre o áudio divulgado por Carlos Bolsonaro, Bebianno disse que não iria comentar. "Não entendo. Enquanto ministro de estado eu vou manter a minha postura, a liturgia inerente à função e não comento esse tipo de coisa".
No entanto, o ministro alfinetou o filho do presidente, com o qual tem histórico de embates desde a campanha eleitoral.
"Da minha parte eu sempre semeio a paz, a concórdia. O Brasil tem problemas sérios que precisam ser resolvidos. Acompanhei o presidente durante toda a pré-campanha, quase dois anos, e acho que é hora de trabalhar. Eu não entro nesse tipo de discussão, não sou homem de postar coisas em redes sociais, não faz parte da minha rotina."
Bebianno também reafirmou que manteve contato com Bolsonaro. "Tratamos de um assunto institucional e de um outro assunto relacionado à viagem que seria feita ao Pará. E essa viagem foi adiada por conta do pedido do presidente e foi feito ontem. Então, o contato houve, houve troca de mensagens por WhatsApp. Alguns poucos áudios, foi isso que aconteceu."
FOLHAPRESS
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