A dupla sertaneja Junior e Gustavo foi detida pela Polícia Militar (PM) na madrugada desta segunda-feira (7) durante um show na Exposição Agropecuária de Macuco, na Região Serrana do Rio. Segundo informações da PM, a apresentação foi interrompida porque os cantores estavam fazendo apologia às drogas com músicas de funk. Eles foram levados em viaturas da polícia para a 154ª Delegacia de Polícia em Cordeiro, onde prestaram depoimento e foram liberados. Quando os músicos entraram na viatura, houve gritaria e vaias à ação da PM.
“Não é a primeira vez que essa dupla é autuada. A primeira foi em Nova Friburgo durante um show no aniversário da cidade, no ano passado. Eles querem 'inflamar' a população cantando esse tipo de música”, afirmou o coronel Carlos Eduardo Hespanha, comandante da Polícia Militar na região.
Junior, cantor da dupla, confirmou ao G1 que este foi o segundo incidente: “Só tivemos problema por cantar funk em show duas vezes. Uma em Nova Friburgo e agora em Macuco, cidades cobertas pelo mesmo batalhão”.
Segundo a assessoria de imprensa dos cantores, o som foi interrompido no momento em que a dupla cantava um 'pout pourri' com quatro funks antigos: Rap da Felicidade, Rap do Silva, Rap do Salgueiro e Rap da Estrada da Posse.
Ainda de acordo com Junior, há mais de cinco anos a dupla reserva um momento da apresentação para cantar funks antigos. “Infelizmente fomos surpreendidos com a ação da polícia que invadiu o show e pediu para o nosso operador de som cortar o áudio. Logo depois pedimos para abrir o nosso microfone e explicamos que isso era preconceito com o estilo musical”, afirmou o cantor, lembrando que o show foi interrompido no meio.
“Se nós estivéssemos fazendo apologia, acha que cantaríamos no meio do povo?”, questionou Junior. Já a assessoria de imprensa da Prefeitura de Macuco disse que também ficou surpresa com a ação da PM e que o prefeito da cidade, Félix Lengruber, havia pedido à dupla para cantar uma música de sucesso do Nêgo do Borel. O funkeiro seria chamado para se apresentar na cidade, mas, segundo a assessoria, o aumento do cachê impediu a contratação.
O município lamentou o ocorrido e informou que o prefeito acompanhou os músicos na delegacia durante o registro da ocorrência. A Prefeitura informou ainda que havia contratado um show com duas horas e dez minutos de duração e que o público perdeu cerca de 50 minutos de apresentação.
“Nós intervimos dentro da legalidade. Não é interesse de ninguém prejudicar um evento da Prefeitura. Lamentamos esse tipo de situação, mas o policial tem que agir assim”, comentou o coronel Hespanha.
O G1 entrou em contato com a Delegacia de Cordeiro para saber se os cantores foram autuados pelo crime de apologia às drogas e o delegado titular, Robson Pizzo Braga, informou que os músicos foram autuados por "desacato aos policiais militares" e que não "houve apologia a qualquer crime nas musicas estilo funk interpretadas".
G1 Região Serrana
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