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sexta-feira, 8 de janeiro de 2016

VALES E CAFÉ: CONSTRUÇÕES HISTÓRICAS E BELEZAS NATURAIS DE NORTE A SUL DO ES

(Foto: Divulgação)
Cristo Mimoso Do Sul
Pico Do Itabira
Casarão Muqui
O maior sítio histórico tombado do Estado fica em Muqui

De Norte a Sul, o Espírito Santo possui uma variedade de climas, culturas, hábitos e costumes. A Região Turística dos Vales e do Café ganha destaque, com construções históricas típicas da época colonial, belezas naturais e forte influência da cafeicultura. A região, com principal acesso pela BR-101, é formada pelos municípios de Cachoeiro de Itapemirim, Muqui, Mimoso do Sul, Atílio Vivacqua, Apiacá e Bom Jesus do Norte. 

A maior cidade da região Sul é Cachoeiro conhecido nacionalmente como a terra do cantor Roberto Carlos, que nasceu e viveu em Cachoeiro até os 13 anos. Chamada Casa de Cultura Roberto Carlos, o imóvel em que ele morou está aberto ao público desde 2000 e se tornou um dos principais pontos turísticos, por onde já passaram mais de 140 mil visitantes.
O rico patrimônio histórico-cultural do município é composto, ainda, pela Casa dos Braga, a Estação Ferroviária, o palácio Bernardino Monteiro, entre outros. Na produção artesanal, a Fábrica de Pios de Maurílio Coelho é considerada a mais antiga na produção desse instrumento de sopro, que reproduz o canto dos pássaros, fundada em 1903.
Um dos principais cartões-postais da cidade é o rio Itapemirim com o Pico do Itabira ao fundo. A elevação rochosa em granito tem 600 metros de altitude e abriga um parque municipal. Para trilhas ecológicas, a sugestão é a Pedra da Ema, localizada no distrito de Burarama, onde se encontra o Circuito das Águas de Burarama. 
Considerado a “capital do mármore e do granito”, o município é o maior polo processador do Brasil, conhecido nacionalmente por seu parque industrial de beneficiamento de rochas ornamentais. Para o presidente da Assembleia, deputado Theodorico Ferraço (DEM), natural de Cachoeiro, o segmento é vital para a consolidação do turismo de negócios na região. Uma prova é a Cachoeiro Stone Fair, feira do setor realizada há 40 anos no município. Segundo o secretário de Desenvolvimento Econômico da cidade, Ricardo Coelho, aproximadamente 17 mil turistas de negócios estiveram em Cachoeiro para visitar a feira este ano, sendo 225 de outros países. 
“A feira é o maior evento econômico da região Sul do Estado, voltado para o turismo de negócios. Durante o período, o fluxo turístico é maior com a vinda de empresários para transacionarem e visitarem a feira, e é capaz de impactar toda a região, lotando hotéis, movimentando restaurantes e todo o trade turístico. A feira com esse movimento consegue girar na cidade R$ 10 milhões”, informou. 
Paralelo ao evento, há cinco anos foi lançado o Giro Gastronômico da Cachoeiro Stone Fair, em que restaurantes inscrevem pratos especialmente batizados com nomes de pedras ornamentais da região. Já no mês de abril, o mesmo evento é voltado para o aniversário do cantor Roberto Carlos, comemorado no dia 19, quando os pratos ganham nomes de canções famosas do artista cachoeirense.
Outro deputado estadual natural de Cachoeiro, Marcos Mansur (PSDB) destacou que já propôs emendas e indicações para os municípios pertencentes à Região dos Vales e do Café, como forma de dar suporte às entidades que contribuem para o desenvolvimento do turismo. 
“Apesar de modesto, o avanço do turismo na região já não é tão tímido. Pode ser melhor explorado se estabelecida uma parceria com a iniciativa privada e o poder público. Aposto no setor cooperativista como alternativa em meio a crise”, avaliou Mansur, também presidente da Comissão do Cooperativismo.
Muqui
O maior sítio histórico tombado do Estado fica em Muqui. No belo conjunto arquitetônico, já foram tombados mais de 530 casarões, sobrados e palacetes, de acordo com a Secretaria de Estado da Cultura. A arquitetura marcante característica da cidade é da época áurea do ciclo do café.
“A produção que a gente tinha de café foi uma das condições para que as famílias ricas da época construíssem esses casarios. Cada um tentou mostrar a sua importância, a sua ideologia a nível arquitetônico, a sua influência italiana, francesa ou alemã dentro desse contexto”, afirmou o secretário de Turismo, Cultura, Esporte e Lazer de Muqui, Adriano Avelino.
A história do município começa em 1850, com a chegada de imigrantes vindos do Vale do Rio Paraíba, a procura de novas terras para plantar café. Inúmeras fazendas se formaram e, em 1902, foi inaugurada a estrada de Ferro Leopoldina. A antiga linha férrea continua a atravessar a cidade e a estação é patrimônio histórico e cultural do Estado.
Distante a 35 km de Cachoeiro e 175 km da capital, Muqui também ganha destaque nas manifestações culturais. O Encontro Nacional de Folias de Reis é considerado o evento mais antigo do Brasil pela Comissão Nacional de Folclore. Em setembro deste ano, aconteceu a 65ª edição do festejo. São cerca de 50 grupos que mantêm viva uma tradição milenar, em que os foliões saem pelas ruas cantando e celebrando os reis magos. 
No período do Carnaval, o destaque fica com o Boi Pintadinho. Segundo o secretário, somente durante a festividade o município recebe mais de 10 mil pessoas. "Hoje nós temos uma média de 17 grupos que se apresentam. Os grupos são bastante característicos, têm as suas cores e batuques tradicionais, e a comunidade abraça um desses grupos”, explica.
Imponente no centro da cidade está a Igreja de São João Batista. Na década de 40, o italiano Giuseppe Irlandi pintou o alto da capela principal da igreja, com a história do padroeiro da cidade, São João Batista.
As fazendas históricas também preservam o passado de Muqui. Uma das mais antigas é a Santa Rita, construída em 1860, e que mantêm a sua estrutura original, inclusive com móveis da época. Os interessados em viver essa experiência podem se hospedar na casa por meio do sistema cama e café, presente também em algumas outras fazendas históricas da região.
Para quem gosta de agroturismo e ecoturismo, o visitante também pode se aventurar no roteiro da Morubia, que inicia na Serra da Morubia e termina na localidade de Sumidouro. 
Mimoso do Sul
Localizado a 174 quilômetros da capital, o município tem no Cristo Redentor, construído em 1982, um dos principais pontos turísticos. Com uma população aproximada de 27 mil habitantes, Mimoso se destaca por concentrar o maior número de fazendas históricas do ciclo cafeeiro no Estado. Do período do Brasil colônia, a fazenda Santa Rosa é uma das que representa a época de ouro do café e ganhava notoriedade pelo incentivo à música. Todos os instrumentos eram fabricados pelos escravos da própria fazenda, onde aconteciam encontros das bandas da região.
Já o distrito de São Pedro do Itabapoana, antiga sede municipal, está localizado a 460 metros de altitude e é patrimônio histórico do Espírito Santo, com 42 imóveis tombados pelo Conselho Estadual de Cultura.
A região acolhedora recebe cerca de 40 mil visitantes durante o Festival de Inverno de Sanfona e Viola, realizado há 18 anos sempre na última semana do mês de julho. De acordo com o secretário de Cultura do município, Roberto Velasco, a festividade atrai aproximadamente 20 mil turistas, que movimentam todo o setor. Além das apresentações, durante o evento também são realizadas oficinas de formação em música, contação de histórias, passeio ciclístico, missa sertaneja, entre outros.
“Neste período triplica o movimento na rede hoteleira, é um trade importante. Agora realizamos três eventos por ano, com os projetos ‘Vem viver o patrimônio’ e o Casa aberta. Eles começaram a partir do Festival da Sanfona e da Viola, por conta da vontade do turista de querer voltar em outros períodos”, afirmou Velasco. O secretário também destacou que o desafio da administração municipal no momento é qualificar a Associação de Moradores de São Pedro do Itabapoana para receber ainda melhor o turista.
Em 2015, o distrito foi declarado a Capital Estadual da Sanfona e da Viola, a partir de iniciativa da deputada Luzia Toledo (PMDB), natural de Mimoso do Sul. Para valorizar a tradição, a parlamentar é madrinha da orquestra da sanfona e da viola e destina emenda para custeio e manutenção do grupo.
Parte da história do distrito pode ser acompanhada no museu São Pedro de Alcântara do Itabapoana, inaugurado em 2002, com cerca de 200 peças. O casarão que abriga o museu é do século 19 e retrata um pouco da época marcada pelos barões do café. No porão do imóvel, que no passado servia como senzala, está instalado o Antiquário São Miguel, que também faz o resgate histórico. São mais de dois mil itens de outros estados e até países, incluindo mobiliários, quadros, prataria e porcelanas.
Para quem busca trabalhos feitos à mão, próxima à igreja matriz São Pedro de Alcântara está localizada a Casa do Artesanato. No local, os visitantes podem conhecer peças produzidas por artistas da região, além de doces e geleias elaboradas com frutas da época.
Apiacá
Localizada a 206 km da capital, Apiacá tem como destaque seus atrativos naturais. O relevo montanhoso e as cachoeiras da Boa Esperança e Santa Fé, localizada a 300 metros acima do nível do mar e com águas claras, compõem o cenário de belezas naturais da região. Já o rio Itabapoana permite os banhos e a pesca.
Atualmente, o município possui sete mil habitantes. Mas, até a emancipação da cidade, as terras de Apiacá pertenciam a Mimoso do Sul. Os primeiros colonizadores subiram o rio Itabapoana e fundaram, à margem direita do rio, um povoado que deu origem à atual sede da cidade.
Os praticantes de esportes radicais têm espaço na Pedra do Rochedo, localizada no distrito de Bonsucesso. É o local ideal para rapel, trilhas e voo livre. Já em relação aos principais eventos da cidade, movimentam a cidade a Festa de Emancipação Política, em janeiro; e a Festa da Padroeira Senhora Sant Ana, em julho, com a celebração de missas, procissões, shows e barraquinhas de comidas típicas.
Atílio Vivacqua
A cidade está localizada a 152 km de Vitória e possui uma população de cerca de aproximadamente 11 mil habitantes. As belezas naturais e o turismo de aventura são os principais destaques do município. Das formações rochosas, destaque para a Pedra do Moitão, símbolo de Atílio Vivacqua, ideal para trilhas e caminhadas, como também para a prática do parapente por possuir uma vista panorâmica da região.
Outras opções são a Pedra da Linda Aurora (Moitão do Sul) e a Pedra das Caveiras, antiga rota de fuga dos escravos e muito procurada por adeptos da escalada. 
Durante o verão, o Poço Dantas é o destino ideal para um mergulho na piscina natural e de onde é possível avistar um moinho da época dos escravos. 
Em relação aos principais eventos do município, janeiro e fevereiro é a vez do Encontro de Folia de Reis da Comunidade de Linda Aurora, zona rural da cidade; junho é a festa do padroeiro; e, agosto, o encontro de violeiros da Fazenda Santa Antônio. 
Bom Jesus do Norte
Com uma população de mais de nove mil habitantes, o município está localizado a 215 km da capital e apresenta belas paisagens, como a Cachoeira do Inferno. O rio Itabapoana banha todo o município de Bom Jesus do Norte como suas águas calmas. Na parte alta do rio, os visitantes podem aproveitar pequenas cachoeiras e, já na área mais baixa, é indicada para pesca e banho. Do Morro da Torre é possível ter uma vista panorâmica do município. Em relação às festividades, um dos principais eventos da cidade é a Festa de Emancipação Política de Bom Jesus do Norte. 
Festival
Para valorizar e divulgar o patrimônio histórico e arquitetônico da região foi realizado nos meses de novembro e dezembro do ano passado o 2º Festival Cultural dos Vales e Café, nos municípios de Atílio Vivacqua, Cachoeiro de Itapemirim, Muqui e Mimoso do Sul. As apresentações de música popular Brasileira e instrumental foram realizadas em praças abertas ao público. 

Web Ales

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