Crítico da administração, o presidente da Alerj, Jorge Picciani (PMDB), ressaltou que existem pedidos de afastamento protocolados na Casa
A grave crise financeira do estado do Rio e desentendimentos políticos que estão minando a relação do governo com os deputados da base compõem um cenário em que até mesmo o impeachment do governador Luiz Fernando Pezão (PMDB), licenciado até o fim do mês para o tratamento de um câncer, não está descartado.
Crítico da administração, o presidente da Alerj, Jorge Picciani (PMDB), ressaltou que existem pedidos de afastamento protocolados na Casa. A alegação é o suposto desrespeito aos gastos constitucionais obrigatórios em Educação e Saúde, o que configuraria crime de responsabilidade.
Perguntado sobre a deterioração do cenário econômico e político, Picciani não descartou a possibilidade de afastamento de Pezão. Os pedidos ainda não tramitaram na Alerj por decisão de Picciani.
— Tudo pode ocorrer. Os três pedidos de impeachment estão paralisados porque achei que não tinha objeto. Até porque o estado conseguiu reequacionar essa questão dos salários (num primeiro momento). Aqueles R$ 2,9 bi (do governo federal) ajudaram a inteirar a folha desses meses. Mas, pelo que estamos vendo desse calendário, acabou o milho, acabou a pipoca. A situação é de gravidade. Está passando da hora de (o estado) tomar uma decisão.
A queda constante na arrecadação torna a situação fiscal do governo estadual cada vez mais difícil. De acordo com um outro deputado peemedebista, o governo enviou à Alerj uma proposta de orçamento para o ano que vem que prevê um déficit de R$ 15,3 bilhões. A divulgação do número vinha sendo adiada para evitar a contaminação da campanha de Pedro Paulo (PMDB) à prefeitura. Picciani, por sua vez, defende que o estado faça o quanto antes uma reforma administrativa, com redução do número de secretarias para “sete ou oito, no máximo”.
— Do ponto de vista político, pode acontecer tudo. Eu não posso me antecipar, porque poderei ser instado para ações que possam ocorrer e ter que tomar decisões dentro das minhas atribuições de presidente do Poder Legislativo. Tenho que ter muita cautela com o que falo nesse caso. A situação evidentemente é de uma gravidade de tal ordem que, se não rearrumar a casa, ainda que com desgaste, terá conflitos muito grandes. E certamente serão chamados o Judiciário e o Legislativo a tomarem decisões — afirmou Picciani.
O presidente da Alerj nega a pretensão de disputar o governo em 2018 e diz que não pretende concorrer a mais nenhum cargo público. Em um eventual afastamento de Pezão, Dornelles assumiria o cargo. Caso o vice, aliado de Picciani, renunciasse a partir de janeiro de 2017, o governador seria escolhido por eleição indireta. Segundo deputados, Picciani seria o único nome com viabilidade política.
Fonte O Globo
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