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terça-feira, 4 de março de 2014

HISTÓRIA DO NOSSO CARNAVAL.

Foto: O carnaval no Clube da Usina Santa Isabel nos anos 60. Carlos Braga(sax) Tião Coêlho (trombone), Tatu Almeida (violão) Antonio Almeida(pandeiro).
                                 O BLOCO AZUL E BRANCO.    
A festa de momo era vivida intensamente na usina e devido à alegria e a criatividade, convites chegavam da municipalidade para que a usina participasse do carnaval em Bom Jesus do Itabapoana. No carnaval de 1952, Santa Isabel participa com o Bloco Azul e Branco. A apresentação marcada para domingo e a turma da usina chegou para arrasar. Vários caminhões transportaram os componentes do bloco que desceram nas imediações do Instituto de Menores, na entrada da cidade. Devidamente organizados iniciaram o desfile. As moças vestidas elegantemente com saia azul e blusa branca de mangas compridas de cetim. Os rapazes de calça azul marinho e camisa branca, a bateria afinadíssima dando um show com os seus ritmistas. O Azul e Branco foi fundado em l946 pelo Sr. Adílio pai do Osvaldo Prego. Nesse carnaval estavam impossíveis. Ao aproximarem da Praça Governador Portela, foi anunciado à apresentação pelo Prefeito Gauthier Pontes de Figueiredo. Uma agitação tomou conta da Praça e do público presente. Abrindo o desfile uma faixa num carro alegórico com varias moças fantasiadas se lia: “Homenagem do Santa Isabel F.C Aos Desportistas e a Imprensa Local”.
       Manoel Baliza, um mulato alto, espigado, que morou no Rio de Janeiro, tinha o molejo dos grandes mestres-salas, era o guardião do pavilhão do Azul e Branco, tendo como parceira e porta bandeira Anadeja, uma jovem pequenina da comunidade de apenas 17 anos de idade e com a altivez de uma rainha conduzia o pavilhão com graça, elegância e maestria, deram um show a parte.
       A alegoria mais uma vez trazia a assinatura do Sr. Agenor José Thomáz. O mestre mais uma vez se supera e apresenta uma usina em miniatura. Nessa usina tinha uma chaminé, da qual saia nuvens de fumaças e toda a engrenagem que fazia a moenda funcionar. Delírio total e o povo entusiasmado aplaudem incessantemente a belíssima apresentação do bloco usineiro. Uma comunicação perfeita onde todos cantavam alegremente a marcha-rancho tema do carnaval de 1952: “Azul e branco está chegando para desfilar no carnaval, quem foi que disse que ele não saia corre depressa e venha ver passar. Corre depressa eu quero ver, eu quero ver, azul e branco como é lindo na folia, cantamos todos com prazer e alegria festejando o nosso carnaval”.
       O Prefeito emocionado como muitos ali presentes pega o microfone e convida o bloco para desfilar na terça-feira. Houve ciúmes por parte de alguns integrantes dos blocos de Bom Jesus. Na segunda apresentação os componentes do Agora Vai um dos blocos de Bom Jesus inconformados com outra exibição de gala, até porque o Azul e Branco, superou na terça-feira o desfile de domingo e a Praça Governador Portela lotada e ouvia os gritos de “ É campeã, é campeã”. O pessoal do Agora Vai, na presença das autoridades, inconformados tentam rasgar a fantasia da porta bandeira Anadeja e atear fogo no pavilhão um dos orgulhos do Azul e Branco. Houve a reação e aconteceu uma briga generalizada na Praça. O primeiro que Vovô da Penha viu, foi pra dentro e deu uma tremenda cabeçada, Totí Almeida num raro momento de destreza, aplicou uma rasteira e derrubou outro no chão, Manoel Leopoldino quebrou o seu violão de estimação na cabeça do Presidente do bloco rival, o Jackson na mulinha sem cabeça, fez dela uma poderosa arma e distribuiu pancada a torto e a direito. O mestre Leopoldino com quem não queria nada a cada encontro com um adversário jogava-o no chão. Com muita dificuldade os ânimos foram serenados e apesar de tudo o que aconteceu o bloco terminou o desfile.
    Com toda a repercussão a direção da usina, determinou que o Bloco acabasse e não desfilasse mais. Uma pena. Muitas pessoas quando lembram essa fase maravilhosa não consegue segurar a emoção.
     Vale ressaltar nos carnavais a presença do careca barrigudo, do Jaguará, da mulinha sem Cabeça. Genício era o responsável e confecciona o grande boneco e a garotada acompanhava cantando: “Careca barrigudo anda de camisolão, quá, quá, quá essa não. Ele disse, ele disse careca não é velhice”. Era uma festa.         No carnaval de 2001, promovido pela Prefeitura de Bom Jesus do Itabapoana o Grêmio Recreativo Unidos do Lia Márcia levou para a avenida o enredo: Cana, Cultura e Saudade. Autor do samba Jorge Urubu, a Usina Santa Isabel foi homenageada. Emocionados muitas pessoas com raízes na usina, lembraram dos momentos passados, dos carnavais, do Azul e Branco da fase áurea e das lembranças gostosas de Santa Isabel, não conseguiram segurar o choro.
Fonte: Livro Usina Santa Isabel, Jamais Esquecida.


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