Ação do Ministério Público e da PM combate bando que conta com vereadores e fraudava licitações. Duas pessoas foram presas e outras 12 detidas para prestarem depoimento
O presidente da Câmara de Vereadores de Resende, no Sul do estado, Jeremias Casemiro, o Mirim; e os vereadores Luiz Carlos de Alencar Besouchet, o Kiko Besouchet, e Ubirajara Garcia Ritton, o Bira Ritton, foram afastados, nesta quinta-feira, dos cargos por improbidade administrativa. Eles são acusados de participar de fraudes em licitações que desviaram quase R$ 1 milhão dos cofres públicos da cidade.
A quadrilha da Câmara de Resende foi desarticulada na operação Betrug, do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público. Quatro pessoas foram presas e o procurador-geral da Casa, Eduardo Bernardelli Barbosa, também acusado de integrar o esquema, está foragido. Segundo o MP, ele está em Orlando, nos Estados Unidos.
Segundo as investigações, para desviar dinheiro público foram criadas três empresas fantasmas (Fox Gestão Empresarial, Omega Desenvolvimento Empresarial e Lotus Tecnologia). Estavam em nomes de laranjas, com documentos falsos de empresas reais e contratadas para fazer locação, instalação e manutenção do sistema de câmeras; organizar eventos, fazer varredura eletrônica de escutas clandestinas na câmara, digitar documentos e fazer planejamento imobiliário. Mas, nunca prestaram serviço à Casa.
Além dos vereadores, outros 11 servidores foram afastados. Ao todo, 22 pessoas foram denunciadas por organização criminosa, peculato e falsificação de documentos, além de fraude. Segundo o MP, o esquema funcionava na Câmara desde 2011, na presidência de Kiko Besouchet (2011/2012), mas instalou-se de forma mais estruturada e hierarquizada a partir da gestão dos presidentes da câmara Ubirajara Ritton (2013/ 2014) e Mirim (2015).
Apontado como mentor do esquema, o controlador-geral da Câmara, Crystian Guimarães, foi preso. Ele fazia parte do segundo escalão com outros quatro funcionários. Também nesta quinta-feira, o prefeito de Teresópolis, na Região Serrana, Arlei Rosa, foi afastado do cargo acusado de má administração dos recursos do Instituto de Previdência dos Servidores Públicos Municipais de Teresópolis (Tereprev). A decisão unânime foi tomada pelos dez vereadores que participaram da votação na Câmara Municipal. É a terceira vez que ele deixa o cargo.
Computadores apreendidos
Foram cumpridos pela polícia 13 dos 15 mandados de condução coercitiva e vários de busca e apreensão. Houve também apreensão de computadores, agendas, celular, pendrives, R$ 8,3 mil, documentos, crachás, contracheques e caderneta de anotações.
O Ministério Público pediu o sequestro dos veículos, imóveis e valores contidos nas contas dos acusados. As investigações duraram quase dois anos. A ação se estendeu aos municípios de Barra Mansa, Volta Redonda, Porto Real, Rio e São Paulo e contou com a Promotoria de Justiça de Tutela Coletiva do Núcleo Resende e da Coordenadoria de Inteligência da PM.
Do esquema, participavam até mesmo funcionários do terceiro escalão, subordinados ao grupo de Crystian, funcionários com cargos comissionados e servidores. Segundo a polícia apurou durante as investigações, os servidores eram praticamente constrangidos a praticar os delitos. O grupo aplicava punições mandando para a ‘geladeira’ os servidores concursados ou não que se recusavam a participar do esquema.
O Dia
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