Antes era preciso esperar pelos comícios para perceber quais os candidatos mais inflamados em seus discursos repletos de ódio espumando pelas bocas e infectando microfones. Hoje, ela se salienta pelos meios da internet, seja nas palavras sem crédito dos fakes ou dos mais corajosos na defesa de seus líderes.
A raiva já acabou com muitas candidaturas, tirando delas a simpatia do eleitor e dando a estes um cansaço auricular evidente. Mesmo com razão, o candidato que se utiliza das ferramentas do ódio para destruir a imagem do adversário, perde tempo ao deixar de construir a própria e faz o melhor marketing para o outro. Tanto fala, tanto lembra e acusa sem provas, que se torna o melhor propagandista de quem odeia.
E quais seriam as razões do desmedido ódio? Mágoa por alguma traição? Perda de dividendos em alguma época? Certeza de que está mal em pesquisas e que só atacando pode inverter o quadro? Ou está bem, mas precisa melhorar? Medo iminente de achar que vai perder a eleição? Instinto natural de predador?
Achar que as massas populares não percebem as jogadas ferinas é desconhecer uma maioria de pessoas do bem, independente de suas condições sociais, financeiras e intelectuais. Os corações e mentes querem ser conquistados por boas qualidades e não pela ira e manipulação midiática.
Em todas as campanhas, os sentimentos de raiva ou de “já ganhou’ são os mais nefastos artefatos da derrota. Estudiosos, observadores e combatentes experimentados da lida eleitoral sabem disso, já presenciaram ou viveram a cena do cavalo passar preparado e o cavaleiro não saber aproveitar por estar ocupado demais em armar e detonar.
Leis vão sendo infringidas como se fossem peças no tabuleiro. Ignoram ou desprezam o poder legítimo das autoridades eleitorais. Aviltam a si mesmos ao transgredirem, pois uma vez rompidos os limites legais, entram em território proibido onde estão atentos os guardiões da legalidade. Brincam com o perigo, consideram-se mestres da arte política, mas são mestres de outra arte: a da ilusão fabricada conscientemente para obtenção de vantagens ilícitas.
O espírito raivoso de uma campanha a princípio pode impressionar e arregimentar milhares. O ódio tem o poder de alastrar-se com facilidade, mas por não ser consistente, não é duradouro. Os argumentos são fracos, baseiam-se apenas em querer ver o concorrente aniquilado. Não tem propostas viáveis, planos motivadores, ideias para fazer um município crescer. A ausência de propósitos abre espaço para artimanhas como boatos, fraudes e confusões até o último suspiro das urnas.
Campanhas raivosas são perigosas em sua essência pois uma vez ensejadas não conhecem limites e para se alimentarem ignoram as leis, passando até por cima de vidas humanas se assim acharem necessário.
Campanhas do ódio: sim, você sabe como são. E só você pode contê-las. Ou juntar-se e ver o circo pegar fogo. De dentro do picadeiro.
Blog do Nino Bellieny
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