Em vídeo divulgado em seu canal na Internet, Gabriel Monteiro questionou se o coronel Ibis Pereira tem ligação com o Comando Vermelho
Rio - O soldado da PM Gabriel Luz Monteiro de Oliveira perdeu o porte de arma e o direito à identidade funcional da corporação após se envolver em uma polêmica com o coronel Ibis Silva Pereira, que foi comandante-geral da Polícia Militar em 2014. O soldado, lotado no 34º BPM (Magé), mas atualmente afastado das ruas cumprindo função na Diretoria Geral de Pessoal (GGP), é conhecido por colecionar polêmicas, divulgadas em um canal que mantém no Youtube. Ele também é integrante do Movimento Brasil Livre (MBL).
A decisão contra o PM youtuber foi divulgada no boletim interno da corporação desta quarta-feira. O soldado respondeu a uma sindicância da Polícia Militar por tratar o coronel "de forma desrespeitosa, em pelo menos duas ocasiões", no local de trabalho dele, "oficial superior da reserva remunerada", tendo inclusive filmado-o "sem autorização".
O ex-comandante geral da PM, que é reformado, trabalha na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj). De acordo com o processo do qual Gabriel foi alvo internamente, na manhã do dia 23 de outubro do ano passado, o agente se passou por um estudante da PUC para conseguir falar com o coronel Ibis na Alerj.
Na ocasião, segundo consta no processo, Ibis resolveu atender Gabriel fora de seu gabinete, pois o soldado alegou que estava de bermuda e não poderia entrar na assembleia. Quando o oficial se encontrou com o youtuber, percebeu que, na verdade, ele queria fazer um vídeo para seu canal, questionando algumas atitudes do ex-comandante.
No vídeo, divulgado editado por Gabriel em seu canal (assista mais abaixo), ele pergunta se existe alguma "broderagem" entre o coronel e traficantes do Comando Vermelho (CV) do Complexo da Maré, na Zona Norte do Rio.
"Como que o senhor, sendo um policial militar, ex-comandante da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro, consegue entrar num local onde há conflito bélico, morte de inúmeros policiais militares, e nada acontece com o senhor?", o youtuber questionou, para ouvir do ex-comandante. "A gente precisa ter um certo nível de respeito entre a gente (...) acho que você está desrespeitando a minha biografia (...) do jeito que você está falando, você está tentando levantar suspeita contra a minha idoneidade".
No processo do qual foi alvo, Gabriel respondeu por transgressão disciplinar de natureza grave. Assim que recebeu a notícia da perda do porte de arma, nesta quinta, o youtuber disse que está em processo de expulsão da PM porque questionou o ex-comandante da PM por ter ligação em áreas do CV.
"É chocante lutar contra a corrupção está (sic) me expulsando da @PMERJ. Vamos dar vazão ao caso, minha vida está em risco. Bandidos e comandantes da PM corruptos querem me matar", ele criticou, pelo Twitter.
Com o caso à tona, a hahstag #somostodosgabrielmonteiro virou o assunto mais comentado da rede social.
"Meu amigo acaba de me mandar imagens do Comando Vermelho prometendo minha morte. A PMERJ tirou meu porte de armas, pois questionei coronéis de atos que os ligavam ao Comando Vermelho. A #somostodosgabrielmonteiro já está nos assuntos mais falados. Me ajude divulgando-a", pediu.
Ao compartilhar trecho do boletim interno da PM sobre a decisão, o youtuber questionou o governador Wilson Witzel (PSC).
"@wilsonwitzel isso está certo???", postou, marcando o perfil do Twitter do governador. Ele também divulgou um vídeo comentando a decisão.
Procurado pelo DIA sobre a decisão da PM, o coronel Ibis disse que questões internas das corporações militares não devem ser comentadas publicamente por seus agentes. O ex-comante, no entanto, reforçou que "de qualquer maneira, um policial que acusa o outro sem fundamento e materialidade, joga contra a memória e honra da corporação. Trata-se de uma ação leviana, descomprometida com o bem da instituição, em busca de holofotes em um ano eleitoral".
"Nesses 33 anos de Polícia Militar, eu honrei a farda e aprendi que a corporação é um importante elemento de coesão social. Um policial precisa ser, acima de tudo, alguém que cuida da lei e da sociedade, não que a transgride para fins de projeção pessoal. O que torna essa profissão incompatível com qualquer tipo de desrespeito com relação ao outro. Acredito que o diálogo é um elemento fundamental para aproximar as pessoas. Nunca me neguei a dialogar na esfera pública de forma democrática e civilizada, como um bom policial deve fazer", o coronel acrescentou.
Já a PM afirmou que "o referido soldado responde à Comissão de Revisão Disciplinar procedimento interno previsto para avaliar conduta dos integrantes da corporação".
"A Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro, como as demais instituições militares do país, tem como pilares os princípios da hierarquia e disciplina. Vale ressaltar que o rito do procedimento prevê a ampla defesa e o contraditório quanto às imputações de transgressões disciplinares nele contidas. Todas as garantias constitucionais são asseguradas aos integrantes da corporação, oficiais ou praças", a Polícia Militar acrescentou, em nota.
O Dia
Mereceu. Uma coisa é questionar condutas de servidores ou ex-servidores públicos no exercício de suas funções de forma respeitosa, outra é fazer o que esse Zé Mané fez. Tem mais é que ir pra rua mesmo.
ResponderExcluirNão são eles mesmos que pregam respeito incondicional às hierarquias. Agora que aguente as consequências.
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