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quarta-feira, 27 de maio de 2015

IRIRI: ENTRE O CÉU E O INFERNO

Iriri foi do inferno ao céu em menos de um ano. Enquanto no Verão e Carnaval de 2014, o balneário na Comarca de Anchieta, viveu dias de tensão e violência pura, com mais de 10 baleados e assassinatos seguidos; em 2015, a paz tomou conta do local. Tudo por causa de medidas coercitivas e preventivas que impediram a entrada de aparelhos de som de grande potência, revista dos veículos que entravam no lugar e um aparato de policiamento da guarda municipal e da polícia militar forte. Resultado disso foi um Carnaval sem violência, mas com um preço a pagar: a baixa frequência às praias e as vendas reduzidas do comércio, com queda também da prestação de serviços.
O empresário e comerciante Thiago Antonio Abrantes entende que as medidas adotadas em 2015 como a revista dos carros foi o primeiro passo para se fazer um Verão e um Carnaval mais seguro. “Tudo depende do ponto de vista de quem olha. Era preciso fazer algo por Iriri, que viveu, em 2014, um ano de muita violência”, disse, destacando que na ocasião houve famílias que chegaram ao balneário na sexta que antecede o Carnaval e foram embora no domingo diante da violência.
Thiago tem a certeza que faturou menos no período “gordo” de Iriri, mas vê com bons olhos a incorporação da palavra segurança ao local. “Passa a ser um atrativo a mais a questão da segurança na localidade. Temos aí duas festas a caminho que poderão funcionar como um teste para a gente. O forró-Bobó e o Festival dos Frutos do Mar”, disse.
Uma das questões delicadas no entendimento de Thiago é a maneira como os proprietários de imóveis no balneário fazem, especialmente no carnaval. “Não se pode alugar um espaço onde cabem 10 pessoas para 60. A cidade se torna intransitável”, disse.
Thiago deixa transparecer no s eu discurso que é favorável a que sejam adotadas iguais medidas para os próximos Verão e Carnaval, ainda que tenha como consequência a queda nos lucros.
Satisfação, mas queda nas vendas das bebidas
Talvez um dos que mais tenha perdido com a adoção das medidas de segurança em Iriri tenha sido Walace Garcia de Matos, já que tem uma distribuidora de bebidas. “Aquele verão de 2014 foi trágico, excepcionalmente triste para a cidade”, disse. Antigo no balneário, Walace destaca que o último Carnaval fez renascer em Iriri aquele Carnaval de família em que se podia sair às ruas com segurança.
“As crianças podiam brincar nas ruas com tranquilidade. Não havia violência espalhada por todos os cantos, como no ano anterior”, disse. Perguntado se gostaria de ter um Carnaval como o de 2014, com mais vendas, ou o deste ano, com paz e vendas em queda, Walace não titubeou: “Prefiro o modelo deste ano”.
Da mesma opinião partilha o guarda municipal Eduardo Missagia. No seu entendimento, as autoridades sofismaram com números e resultados, colocando pontos que deveriam ser de sua responsabilidade na conta de quem veio para Iriri.
“Iriri precisa do turismo. Os comerciantes de Iriri precisam de dinheiro. Tem-se que fazer algo que permita o fluxo de turistas sem que os afaste da cidade”, disse.
O comerciante Jaime Lorencini só tem a reclamar do que foi feito no Verão e Carnaval passado em Iriri, mas é um daqueles que defende medidas mais brandas, mantendo a segurança, mas deixando as pessoas se sentirem mais livres e não presas. “Tinha muita g ente que reclamava de ser parado na hora de entrar e de sair de Iriri, mas foi preciso”, disse.
Outra moradora de Iriri, Geisa Correa Louback, entende que a blitz feita na entrada da cidade foi necessária, mas deveria acontecer algo mais brando e que gerasse a mesma sensação de segurança, sem abalar os turistas que visitam Iriri. “Se um terço do carros equipados com som tivessem entrado em Iriri no início do ano, nosso Carnaval teria sido outro inferno”, disse.
Turistas
Dois turistas de ocasião, mas que trabalham perto da cidade tem visões opostas na relação entre crise e a vinda às praias. O motorista Emiliano Lopes Sisternas disse que não será a “roubalheira do Planalto Central” que vai o afastar de vir a Iriri e frequentar as praias. “Nem vou reduzir minha cervejinha nos finais de semana”, disse.
Já o pedreiro Luiz Carlos de Oliveira Silva entende que deve fazer alguns cortes no Orçamento, inclusive as fugidas às praias. Luiz Carlos reclamou também da violência em Iriri e disse ter preferido ir às praias de Piúma no ano passado. “Foi mais um erro. A violência em Piúma estava muito forte”, disse.

AQUIES/Raul Marques

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