EQUIPE MÉDICA VEIO DE VITÓRIA PARA REALIZAR PROCEDIMENTO |
Depois de dois anos à espera de um doador, na noite de terça-feira aconteceu a primeira captação de córneas em Guaçuí. O procedimento foi realizado na Santa Casa de Misericórdia e a equipe técnica veio de Vitória em uma viagem de quase quatro horas. O procedimento durou cerca de 40 minutos.
Segundo informações da enfermeira chefe da UTI 2, da Santa Casa de Misericórdia de Guaçuí, Aline Capra, o doador estava internado desde domingo, 4, vítima de infarto. Para conseguir a doação, foi feita uma entrevista com a família de quem faleceu e exposta a situação. “Conversar com a família não é um processo simples. A família está em um momento doloroso, mas pode fazer o bem. Levar uma nova vida para quem precisa de novas córneas”, comentou Aline Capra.
A enfermeira chefe explicou que o processo de doação começa com a entrevista com os familiares. Ao ser aprovado, a equipe médica passa um fax para a Central de Transplante de Órgãos, em Vitória. A equipe técnica faz a captação e também coleta sangue para realizar exames. O prazo para realizar a captação e córneas é de seis horas.
“No procedimento são feitas a captação e a coleta de sangue para saber se o doador tinha algum problema de saúde. São realizados todos os tipos de teste, como por exemplo, potássio, colesterol, glicose, HIV”, disse Aline, ressaltando que o prazo de 14 dias para que o transplante seja realizado.
A enfermeira comenta que se realizou como profissional, porque queria muito fazer parte deste momento. “Eu sempre falava que eu seria a primeira profissional a fazer parte deste momento histórico para nós. Tem o lado ruim, o do falecimento. Mas, há também a parte fazer o bem”, destacou Aline.
Aline destaca a falta de informação quanto à doação de córneas como um dos fatores que impede maior número no cadastro. “A família tem medo que o corpo fique deformado. A falta de interesse, e de informação faz com que a doação de córneas fique restringida”, disse Aline.
O coordenador da UTI e também regulador da Santa Casa de Guaçuí, Denis Vaz, comenta que no sábado da festa de Guaçuí, 25, foi feita uma ação na tentativa de conscientizar a população. O fato aconteceu na Praça João Acacinho. E, que isso é fruto deste trabalho.
“Conseguir essa captação de córneas foi fantástico. Estamos lutando há mais de dois anos para que isso acontecesse”, disse o coordenador.
Denis Vaz também aponta a falta de informação como vilã que impede maiores números de doação. “É um processo chato para a família. Mas, há a chance de levar a cura para quem precisa”, destacou Denis.
Guaçuí, agora é a segunda cidade a realizar o método de captação de córneas. O procedimento também é feito em Cachoeiro de Itapemirim. No Espírito Santo cerca de 150 pessoas aguardam pelo transplante de córneas.
No Brasil, para ser um doador de órgãos é deixar os familiares cientes da sua decisão. No devido momento, a doação de órgãos só é possível após a família conceder a autorização. Há dois tipos de doadores, o vivo e o doador falecido.
O doador tem que estar saudável o processo não apresente riscos à própria saúde. Em vida, pode-se doar um dos rins, parte do fígado, da medula óssea ou ainda, parte do pulmão. A lei autoriza a doação de órgão até o quarto grau de parentesco, inclusive cônjuges. Não sendo parentes, é necessária autorização judicial.
No caso do doador falecido, são pacientes com morte encefálica. Geralmente vítimas de dano cerebral irreversível, como traumatismo craniano ou acidente vascular cerebral (AVC). Neste caso, o paciente é examinado por dois diferentes médicos para o diagnóstico da morte encefálica. Este diagnóstico, de morte encefálica, é regulamentado pelo Conselho Federal de Medicina.
Um doador falecido pode salvar várias vidas. Ele pode doar coração, pulmões, fígado, pâncreas, intestino, rins, córnea, vasos, pele, ossos e tendões. A retirada dos órgãos é feita no centro cirúrgico, como qualquer outra cirurgia. A retirada dos órgãos também não deforma o doador, e este pode ser velado normalmente.
Com a decisão de ser um doador de órgãos, a esperança de uma nova vida surge para os pacientes que aguardam em uma lista única.
No Sul do estado, Guaçuí, agora é a segunda cidade a realizar o método de captação de córneas. O procedimento também é feito em Cachoeiro de Itapemirim.
AQUIES/Aline Machado
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