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sábado, 2 de setembro de 2017

PONTE DO ITABAPOANA – FIM DE UMA HISTÓRIA

Estação de Ponte de Itabapoana, há muito sem movimento

Ponte sobre o rio Itabapoana, que originou o nome do distrito
O maior líder do chaguismo (Governo Chagas Freitas – 1979/1982) no Norte Fluminense (dividido depois em Norte e Noroeste) foi o empresário italvense Ecil Batista, que costumava dizer que a mídia da capital abria manchete sobre um cano d’água arrebentado em Copacabana, mas não dava uma linha sobre a queda de uma ponte ligando distritos e pequenos municípios do interior. Era e é uma verdade.
Lembramos este fato no momento em que a comunidade do distrito de Ponte de Itabapoana, do município de Mimoso do Sul (ES) está indignada com o que acusam de descaso do Judiciário, que retirou o cartório local, instalando-o no distrito de São Pedro de Itabapoana, a cerca de 75 Km de distância.
O fato merece destaque porque o município de Apiacá situa-se a uma distância de apenas 10 Km do distrito. Tanto que muitos moradores querem que o distrito pertença àquele município, desmembrando-se de Mimoso, segundo o site Mimoso In Foco, de 22 de agosto deste ano.
O cartório de registro civil de Ponte, que teve vários tabeliães reconhecidos como o Sr. Freitas, Joacy Moreira de Faria, Cleber Tardin e, nos últimos 30 anos, Marcelo Antônio Alvim, e que registrou pessoas que se tornaram personalidades nacionais e internacionais, como Rossini Pinto, cantor, compositor e produtor musical e uns dos mais importantes nomes da Jovem Guarda, que ajudou a consagrar artistas do quilate de Roberto Carlos e Erasmo Carlos.
Também registrou o jogador de futebol, Ézio, conhecido como Super Ézio, pelos seus potentes chutes a gol. Ézio foi revelado pelo Bangu e atuou em vários clubes até chegar às Laranjeiras, jogando no Fluminense entre 1991 e 1995, marcando 118 gols em 236 jogos, além de ajudar o tricolor carioca a conquistar a Taça Guanabara de 1991 e 1993 e o Campeonato Carioca de 1995.
Outro nome a destacar registrado no cartório de Ponte de Itabapoana é o de Manoel Carlos Pessanha, proprietário das lojas Óticas do Povo e o primeiro empresário a utilizar três negros como “garotos propaganda”, os consagrados artistas Grande Otelo, Jair Rodrigues e Cosme dos Santos, que popularizaram o bordão “Óticas do Povo, morô?”.
Depois de ter vários Armazéns de Café em 1950, coletoria Federal 1960 tendo como responsável o Sr. Jacinto Menegardo, Coletoria Estadual em 1968, tendo à frente o Sr. Geraldo de Oliveira, Estação Ferroviária em 1980, tendo como Agente da Estação o Sr. Antônio Eval Gomes, Posto Fiscal e Posto Policial, atuando na divisa com Estado do Rio de Janeiro, Ponte de Itabapoana perde agora o seu cartório, como último ato para o encerramento de toda uma história.
História que, ao que parece, não sensibiliza as autoridades. É o momento líquido que vivemos, no qual tudo flui com muita velocidade, tudo é fugaz, efêmero, pois só tem importância o que é útil, no sentido comercial e empresarial. Uma população de apenas 1.600 habitantes não parece importar, mesmo que ela seja centenária. Todavia, o cartório vai ficar localizado no distrito de São Pedro de Itabapoana que tem apenas 1.300 moradores. Parece contraditório, um contrassenso.
O distrito de Ponte de Itabapoana, está localizado na divisa com o Estado do Rio de Janeiro, tendo, do lado sul da ponte, o distrito de Santo Eduardo, do município de Campos dos Goytacazes, e, como foi dito acima, fica a uma distância de 10 Km de Apiacá e a 22 Km de Bom Jesus do Norte. O cartório foi transferido um distrito que fica a 75 km de distância.
O distrito de Santo Eduardo em Campos dos Goytacazes, Estado do Rio de Janeiro, que fica 2km de Ponte de Itabapoana, também sofreu a perda de sua agência de Correios, que funcionava como posto de recebimento e pagamento do Banco do Brasil, agência esta que funcionava há décadas, servindo à comunidade. E sua população, segundo dados do IBGE, é de 4.820 pessoas (dados de 2010). 
Constata-se por estes e outros fatos, que o interior está ficando vazio e perdendo a sua história. E um povo que não cuida e não preserva sua história condena o futuro da nação, pois perde sua identidade, suas referências, necessárias para alicerçar o amanhã.

Por Avelino Ferreira/Blog Luiz Carlos Gomes

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